O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, reconheceu hoje que há uma "situação trágica" em Valência por causa das cheias e que a resposta das autoridades foi insuficiente, anunciando o envio de mais 10 mil militares e polícias para o terreno.
"A situação que vivemos é trágica, é dramática", disse Sánchez, numa declaração a partir da sede do Governo, em Madrid, sublinhando que o leste de Espanha, e sobretudo a região de Valência, foi atingida na terça-feira por um temporal que provocou as inundações, possivelmente as mais graves deste século em todo o continente europeu.
"Estou consciente de que a resposta que se está a dar não é suficiente. Sei. Sei que há problemas e carências severas, que ainda há serviços colapsados, municípios sepultados pelo lodo, pessoas desesperadas que procuram os seus familiares, pessoas que não conseguem aceder às suas casas, lares destruídos e sepultados pela lama. Temos de melhorar", afirmou.
O primeiro-ministro, que é socialista, apelou à união das administrações e garantiu todo o apoio que for necessário ao governo regional da Comunidade Valenciana (do Partido Popular), a quem compete a coordenação da resposta no terreno e as solicitações de meios ao Estado central, como lembrou o hoje o próprio Sánchez.
No imediato, e em resposta a um pedido desta manhã da Comunidade Valenciana, serão enviados mais 5.000 militares para o terreno, onde já estão mais de 2.000 elementos das Forças Armadas, disse.
O primeiro-ministro anunciou também mais 5.000 elementos das forças de segurança nacionais (Polícia e Guarda Civil), o que duplicará o número atualmente já no terreno.
Segundo Sánchez, este é já o maior dispositivo de forças do Estado jamais mobilizado em Espanha, depois de se congratular com o pedido de reforço de mais 5.000 militares feito pela Comunidade Valenciana.
No sistema de resposta a situação de catástrofe, o Estado central em Espanha pode assumir o controlo da resposta caso as autoridades autonómicas elevem o alerta para um determinado nível de emergência, o que a Comunidade Valenciana não fez.
O primeiro-ministro afirmou que o Governo espanhol está focado em apoiar em tudo o executivo regional para haver uma resposta rápida à situação atual e acrescentou que "haverá tempo" para apurar responsabilidades e para analisar e refletir sobre as competências de cada nível de administração e como melhorar a coordenação e a distribuição de tutelas nestes casos.
"Há só um inimigo a abater" neste momento, que é "a destruição causada por esta catástrofe", sublinhou, dizendo que se as autoridades regionais, que conhecem o terreno, não têm recursos suficientes, só têm de os pedir e serão de imediato mobilizados e enviados.
Sánchez disse que as prioridades neste momento, no terreno, são salvar vidas, recuperar e identificar cadáveres e restabelecer os serviços básicos.
Neste contexto garantiu que foi já restabelecido 94% do fornecimento de eletricidade e metade da rede de telecomunicações afetada. Estão também já retomadas as ligações de comboio de alta velocidade, que ligam Madrid a Valência, mas continua a haver estradas e autoestradas cortadas ou com condicionamentos por causa de carros que permanecem nas vias ou os diversos danos nas próprias infraestruturas, incluindo pontes e viadutos.
Outra prioridade é garantir a segurança pública, destacou Sánchez, que revelou que a polícia nacional e a Guarda Civil já detiveram 82 pessoas por causa dos saques, roubos e outros delitos que estão a ocorrer nas localidades mais afetadas pelo temporal.
O primeiro-ministro disse ainda que o Governo espanhol vai declarar zona catastrófica a região de Valência - o que permitirá desbloquear uma série de mecanismos de ajudas financeiras, incluindo europeias.