"O Ministério Público deve pautar a sua atuação pelo estrito cumprimento do princípio da legalidade, evitando que processos prescrevam por inação e abstendo-se de promover a julgamento casos cuja absolvição seja previsível desde o início", disse José Ramos-Horta.

O chefe de Estado falava na cerimónia de tomada de posse do quinto procurador-geral da República do país, Nelson de Carvalho, nomeado segunda-feira por decreto presidencial e que substituiu no cargo Afonso Lopes.

Para o chefe de Estado, a judicialização não pode "estabelecer raízes em Timor-Leste" e o Ministério Público deve atuar com base nos "princípios da legalidade, objetividade, isenção e respeito à lei".

"Nesse sentido, não é admissível que atue de forma sectária, especialmente em relação aos setores políticos, com perseguições de caráter político a quaisquer setores", defendeu o Presidente.

Ramos-Horta considerou também que aquela instituição não deve ter uma "atuação incoerente", exigindo zelo e rigor para uma punição exacerbada para "determinadas personalidades políticas", enquanto para outras "dispensa-se tratamento leniente que beira a impunidade".

Na intervenção, o Presidente salientou que o Ministério Público deve também orientar-se por uma "perspetiva humanista", nomeadamente na proteção das mulheres, crianças, doentes e pessoas em situação de vulnerabilidade.

Num discurso proferido antes da intervenção de José Ramos-Horta, o novo procurador-geral da República afirmou que tudo fará para "exercer o cargo com o mais elevado sentido de serviço público".

Nelson de Carvalho apelou ao Governo para reforçar os recursos humanos do Ministério Público nos vários níveis, bem como para a necessidade de aprovar a legislação necessária para melhorar as carreiras dos funcionários daquela instituição.

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