O Presidente colombiano, Gustavo Petro, pediu no domingo a demissão de todos os ministros e outros altos dirigentes da administração, numa crise política instalada no executivo desde uma polémica reunião na terça-feira, transmitida pela televisão e pelas redes sociais.

"Solicitei a demissão formal de ministros e diretores de departamentos administrativos. Haverá algumas mudanças no gabinete para obter um maior cumprimento do programa ordenado pelo povo", escreveu Petro na rede social X.

O Presidente colombiano acrescentou que, a partir de agora, a 18 meses do fim do mandato, o Governo "vai concentrar-se totalmente em cumprir o programa".

A polémica reunião do gabinete ministerial, que durou seis horas, durante as quais Petro e vários membros do Governo se acusaram e repreenderam mutuamente por falhas na gestão, levou no dia seguinte à demissão do diretor do Departamento Administrativo da Presidência da República, Jorge Rojas, homem de confiança do chefe de Estado, e do ministro da Cultura, Juan David Correa.

Depois, a secretária jurídica da Presidência, Paula Robledo, deixou o seu cargo, e hoje a ministra do Ambiente, Susana Muhamad, que trabalhou com Petro quando este foi presidente da Câmara de Bogotá (2012-2015), anunciou a sua saída.

Muhamad é uma das figuras mais cotadas nas sondagens sobre o funcionamento do Governo, levantando especulações sobre a sua eventual candidatura em futuras eleições.

O ministro do Interior, Juan Fernando Cristo, já tinha proposto a demissão de todo o executivo na quarta-feira, considerando a situação insustentável após a tensa reunião, mas mantém-se em funções até ao momento.

Durante a reunião, Susana Muhamad e outros responsáveis apoiaram a vice-Presidente colombiana, Francia Márquez, nas suas críticas à nomeação do antigo embaixador Armando Benedetti como chefe do gabinete presidencial.

Benedetti, também antigo senador, foi alvo de vários casos de corrupção e esteve envolvido num escândalo de violência doméstica em julho passado.

"Como feminista e como mulher, não posso sentar-me à mesa do gabinete do nosso projeto progressista com Armando Benedetti", disse Muhamad na reunião, que foi transmitida em direto para o país através da televisão e das redes sociais.

No entanto, Petro defendeu a permanência de Benedetti, que foi uma peça-chave no financiamento da sua campanha eleitoral de 2022 na costa atlântica, pelo que hoje Muhamad anunciou a sua demissão.

Entretanto, o agora ex-ministro da Cultura disse, em referência a Benedetti, que "não podia ter um abusador de mulheres como chefe".

Petro pediu aos seus ministros que se demitissem quando estava prestes a embarcar numa viagem de seis dias aos Emirados Árabes Unidos, Qatar e Arábia Saudita.