O Presidente russo, Vladimir Putin, faz esta quinta-feira o seu tradicional balanço do ano, numa conferência de imprensa onde vai responder a perguntas de jornalistas russos e estrangeiros.
O primeiro tema abordado foi a economia, que, segundo Putin, está “estável” e pode crescer 4% este ano - ainda que a inflação na Rússia esteja próxima dos 9%.
As declarações acontecem numa altura em que os economistas russos estão preocupados com a inflação, as altas taxas de juro e as sanções do Ocidente.
German Gref, diretor-executivo do principal banco russo, o Sberbank, falou recentemente sobre os “sinais significativos de abrandamento” e o “perigo de estagflação”.
Putin reconhece alguma “preocupação” com a subida dos preços, mas diz que os salários estão a aumentar e minimiza o efeito das sanções dos países ocidentais, que “não são um fator fundamental”.
“Estamos a avançar em todas as direções”
Além da economia, um dos temas que mais suscita questões é a guerra na Ucrânia, que teve início com a invasão - ou, como diz o Kremlin, a “operação militar especial” - a 20 de fevereiro de 2022.
Nos últimos meses, a Ucrânia respondeu com ataques em território russo, sobretudo na região de Kursk, onde as tropas de Kiev ainda detém territórios.
Putin garante que a situação está a “mudar drasticamente” e que Moscovo está “a avançar em todas as direções”. No entanto, não consegue garantir quando será possível libertar Kursk.
"Quanto à questão de uma data exata, lamento, mas não posso dizer neste momento", admite o líder do Kremlin.
Ao mesmo tempo que diz que “a vitória está mais próxima”, volta a sublinhar que a Rússia está aberta ao diálogo para um acordo de paz.
No discurso do ano passado, o Presidente russo prometeu alcançar a paz quando conseguisse desmilitarizar e “desnasificar” a Ucrânia.
Putin desafia Ocidente para duelo de mísseis
“Vamos fazer uma experiência, uma espécie de duelo de alta tecnologia. Deixemos que eles [o Ocidente] escolham um alvo em Kiev para concentrar a sua defesa aérea e disparemos o Oreshnik contra o alvo”, afirma Putin.
A Rússia utilizou pela primeira vez o míssel Oreshnik no final de novembro, contra a cidade de Dnipro, como uma reação à Ucrânia ter usado mísseis de longo alcance fornecidos por EUA, França e Reino Unido.
A queda de Assad na Síria
Putin falou pela primeira vez sobre o presidente deposto da Síria, Bashar al-Assad, aliado histórico da Rússia, que abandonou o país e foi abrigado em Moscovo.
“Ainda não vi o Presidente Assad depois da sua chegada, mas tenciono fazê-lo. Vou falar com ele, certamente.”
Os rebeldes sírios tomaram a Damasco e derrubaram o Governo de Assad, após quase 14 anos de guerra civil, aumentando as esperanças de um futuro mais pacífico, mas também as preocupações sobre um potencial vazio de segurança no país.
Putin nega que o colapso do seu aliado represente uma derrota para a Rússia, que pretende manter o controlo das bases militar que possui no país - utilizadas atualmente, segundo Putin, para levar ajuda humanitária à Síria.