"Ouvimos as suas declarações sobre a necessidade de fazer tudo o que for possível para evitar uma terceira guerra mundial. Evidentemente, saudamos esse espírito e felicitamos o Presidente eleito dos Estados Unidos pela sua tomada de posse", declarou, durante uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança da Rússia dedicada exclusivamente às relações com Washington, cujo início foi transmitido pela televisão estatal.
Putin afirmou que a vitória de Trump nas eleições presidenciais de novembro passado foi "convincente" e que demonstrou "coragem" durante a campanha, que considerou não ter sido fácil para o candidato republicano e para a sua família porque incluiu "uma tentativa de assassinato".
Sublinhou ainda que Moscovo tomou nota das declarações de Trump e da sua equipa "sobre o desejo de retomar os contactos diretos com a Rússia", atribuindo a responsabilidade da interrupção de conversações à "administração cessante" do democrata Joe Biden.
"Nunca recusámos o diálogo, sempre estivemos prontos a manter relações harmoniosas e de cooperação com qualquer administração americana", disse Putin, exigindo um "respeito mútuo".
"Partimos do princípio de que o diálogo deve basear-se na igualdade e no respeito mútuo, tendo em conta o papel significativo desempenhado pelos nossos países numa série de questões fundamentais da agenda global, incluindo o reforço da estabilidade e da segurança estratégica", insistiu.
Em particular, sublinhou que Moscovo está "aberto" ao diálogo com a nova administração dos EUA sobre a resolução do conflito ucraniano.
"O mais importante aqui é erradicar as causas profundas da crise", disse, aludindo à aproximação da infraestrutura militar da NATO às fronteiras da Rússia.
Além disso, o chefe de Estado russo sublinhou que o objetivo da resolução do conflito na Ucrânia "não deve ser uma trégua curta, nem uma pausa para reagrupar ou rearmar para continuar o conflito, mas uma paz duradoura com base no respeito pelos interesses legítimos de todas as pessoas, de todos os povos que vivem nesta região".
Putin acrescentou que, aconteça o que acontecer, a Rússia continuará a lutar pelos interesses do seu povo no que diz respeito à "operação militar especial", como se refere à invasão da Ucrânia, que lançou em fevereiro de 2022.
Durante a reunião, o chefe do Kremlin (presidência russa) ouviu o relatório do ministro dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, sobre as relações com os Estados Unidos.
O Kremlin espera que o próprio Trump tome a iniciativa de telefonar ao seu homólogo russo.
"Não quero dar a impressão de que Moscovo está de braços cruzados à espera de um telefonema de Washington. Não, estamos calmamente à espera quando a equipa de Trump tomar posse e ele entrar na Sala Oval. Depois disso, veremos", disse Yuri Ushakov, conselheiro presidencial para os assuntos internacionais, há alguns dias.
O regresso de Donald Trump à Casa Branca (presidência norte-americana) gerou alguma incerteza em Kiev e nos seus aliados mais próximos devido à sua posição sobre a guerra ucraniana, que afirmou ser capaz de resolver em 24 horas.
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