
Em declarações à comunicação social, o porta-voz da PRM na província da Zambézia, Miguel Caetano, disse que o grupo paramilitar invadiu e assaltou residências e outras propriedades privadas no posto administrativo de Lioma, no distrito de Gurué, tendo, na sequência, dirigido-se a uma posição das autoridades policiais naquela localidade, igualmente com o alegado intuito de atacar.
"Tiveram uma resposta enérgica por parte da PRM, esses indivíduos que na altura possuíam azagaias e catanas. Diante dos confrontos, quatro foram alvejados mortalmente", acrescentou o porta-voz da polícia.
Nos confrontos, pelo menos dois polícias ficaram feridos, acrescentou.
Os Naparamas são paramilitares moçambicanos que surgiram na década de 1980, durante a guerra civil, aliando conhecimentos tradicionais e elementos místicos no combate aos inimigos, atuando em comunidade.
Historicamente, os Naparamas classificam-se como uma força que se organizou espontaneamente para a autodefesa da população perante a guerra e os seus elementos submetem-se a ritos de iniciação, destinados a dar-lhes alegada "proteção sobrenatural" que acreditam que os torna imunes, até a balas.
Em 02 de janeiro, supostos elementos do grupo decapitaram um secretário de bairro no distrito de Murrumbala, na província da Zambézia, e colocaram a cabeça da vítima numa praça pública, disse à Lusa fonte policial.
Também na província de Nampula, a PRM atingiu a tiro sete membros do mesmo grupo que tentavam invadir um posto administrativo naquela província do norte do país, afirmaram, no passado dia 07, as autoridades policiais, sem confirmar se morreram.
Em 12 de fevereiro, o Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, pediu ao novo vice-comandante-geral da PRM, Aquilasse Manda, para combater os ataques, com recurso a armas brancas, atribuídos ao grupo paramilitar localmente designado de Naparamas, protagonizados na província da Zambézia, indicando que estes "tentam bloquear" vias vitais para o desenvolvimento do país, o que afeta a circulação de pessoas e bens.
Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas, primeiro, pelo então candidato presidencial Venâncio Mondlane.
Atualmente, os protestos, em pequena escala, têm ocorrido em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.
Desde outubro, pelo menos 327 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 750 foram baleadas durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.
PYME (AYF/EAC)// MLL
Lusa/Fim