Segundo o porta-voz do Kremlin (presidência russa), Dmitri Peskov, a Rússia entregou à embaixada húngara em Moscovo uma lista de nomes para uma hipotética troca de prisioneiros com a Ucrânia, um dia depois de o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, ter proposto essa troca e uma trégua de Natal numa conversa telefónica com o Presidente russo, Vladimir Putin.

Citado pela agência noticiosa Interfax, Peskov detalhou que o Serviço Federal de Segurança (FSB) já entregou a sua "proposta" específica à embaixada, assumindo, porém, que Kiev rejeitou os projetos de acordo, "a julgar pela reação do Presidente (Volodymyr) Zelensky".

Através das redes sociais, o líder ucraniano criticou Orbán devido ao contacto com Putin, acusando-o de prejudicar a "unidade" europeia por interesses políticos pessoais.

Zelensky tem criticado qualquer tipo de aproximação com Putin, por o considerar uma concessão. Estas críticas já tinham sido feitas em meados de novembro, quando lamentou uma conversa telefónica entre o líder russo e o chanceler alemão, Olaf Scholz.

O primeiro-ministro húngaro, que detém a presidência semestral do Conselho da União Europeia (UE) até ao final de dezembro, também recorreu na quarta-feira à rede social X para mencionar publicamente a sua oferta.

Na ocasião, Orbán afirmou que a tinha igualmente proposto a Volodymyr Zelensky, mas que este a tinha rejeitado.

"É triste que o Presidente Zelensky tenha rejeitado claramente a proposta e a tenha excluído hoje. Fizemos o que podíamos", afirmou o primeiro-ministro húngaro.

Por seu lado, Kiev afirmou não ter participado em quaisquer discussões sobre um possível cessar-fogo de Natal com a Rússia ou sobre uma troca de prisioneiros.

"Como sempre, a parte húngara não discutiu nada com a Ucrânia. E, como sempre, a Hungria não informou (a Ucrânia) das suas trocas de impressões com Moscovo", lamentou Dmytro Lytvyne, conselheiro da presidência ucraniana, numa mensagem escrita enviada aos meios de comunicação social.

Orbán é encarado como o líder político do bloco europeu mais próximo de Moscovo, para onde viajou em julho, no início do seu mandato enquanto presidente do Conselho da UE.

Nas declarações de hoje, Peskov afirmou ainda que a Rússia "apoia plenamente" os esforços de Orbán, cujo objetivo é a "procura de uma solução pacífica e a resolução de questões humanitárias relacionadas com a troca de prisioneiros de guerra".

A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.

Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.

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