Os sul-coreanos afirmam estar muito preocupados e ansiosos com o futuro do país e confessam não compreender os motivos que levaram à imposição da lei marcial.

Um dia após Yoon Suk Yeol ter decretado a lei marcial pela primeira vez na Coreia do Sul em mais de 45 anos, os cidadãos revelam à Reuters que não esperavam viver uma experiência semelhante.

Kim Byeong In, um residente de Seul, acusa mesmo o chefe de Estado de causar ansiedade aos habitantes locais numa altura em que a situação económica no país "é difícil".

"Estou profundamente perturbado com este tipo de situação e com o futuro do país", partilha o sul-coreano.

Sindicatos convocam greve

Os sinais de desagrado são evidentes. Esta quarta-feira, elementos do maior grupo sindical da Coreia do Sul reuniram-se na capital para protestar contra o Presidente.

A Confederação Coreana de Sindicatos convocou uma greve por tempo indeterminado até Yoon Suk Yeol se demitir.

O organismo acusa ainda o chefe de Estado de criar uma crise política e de abusar da autoridade para se manter no poder.

Na terça-feira, foi decretada a lei marcial na Coreia do Sul de forma a "erradicar as forças pró-norte-coreanas e proteger a ordem constitucional", de acordo com o líder da nação.

A decisão gerou uma onda de contestação, que levou a manifestações e cenas de violência por todo o país.

Em Seul, o Parlamento ficou, inclusive, danificado depois de militares e manifestantes terem-se envolvido em confrontos nas imediações do edifício.

As mobílias da Assembleia sul-coreana, como sofás e cadeiras de escritório, ainda foram colocadas junto às portas para tentar travar o acesso dos manifestantes ao interior, mas sem grande sucesso já que alguns entraram no edifício e destruíram vários gabinetes.

Poucas horas depois, o Presidente suspendeu a lei marcial, depois de o parlamento da Coreia do Sul, a Assembleia Nacional, ter revogado a decisão, numa sessão plenária extraordinária convocada numa altura em que milhares protestavam nas ruas de Seul.

Entretanto, seis partidos da oposição apresentaram uma moção para a destituição do Presidente, cujo partido governa em minoria.