O programa, que será desenvolvido pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), tem a duração de três anos e visa promover, entre outros, a educação "inclusiva e equitativa", além da proteção das crianças no distrito, refere-se num comunicado divulgado hoje.

"As crianças e os jovens são fundamentais para a construção da paz em Cabo Delgado. Este programa é um passo crítico para a promoção de um sentimento de pertença, proteção e oportunidade", disse a embaixadora da Suécia em Moçambique, Mette Sunnergren, citada no documento.

Para Mary Louise Eagleton, representante da Unicef, o apoio sueco vai promover "melhorias sustentáveis" para as crianças e jovens de Palma, que estão entre os "mais vulneráveis" em Moçambique.

"Ao investir na inclusão, resiliência, aprendizagem e proteção, juntos estamos a criar um futuro brilhante para as crianças, jovens e a sociedade como um todo," afirmou.

As organizações lembram que, com o conflito armado em curso na província, as crianças e jovens enfrentam "desafios críticos", que, além da exposição à violência, incluem o acesso limitado à educação e serviços sociais.

"Muitas crianças e jovens da província não frequentam a escola, não possuem competências básicas para o emprego e correm riscos acrescidos de casamento prematuro e dificuldades económicas", acrescenta-se no documento.

O programa irá reforçar a capacidade do Governo moçambicano e da comunidade para a prestação de "serviços de qualidade" na educação e na proteção das crianças, adianta-se. E irá "também irá proporcionar oportunidades para o desenvolvimento de competências, liderança para jovens e emprego, assegurando simultaneamente uma programação sensível às questões de género ", acrescenta-se.

Entre as prioridades está o apoio à reintegração das crianças afetadas pelos ataques.

"Incluindo a localização de famílias e opções de cuidados alternativos", refere-se ainda no documento.

Recentemente, o Fundo das Nações Unidas para a Infância manifestou-se "seriamente preocupado" com o aumento de raptos de crianças por grupos rebeldes em Cabo Delgado, alertando que as vítimas são obrigadas a desempenhar funções de combate.

"O Unicef está seriamente preocupado com o recente aumento de casos de raptos de crianças por grupos armados não estatais na província de Cabo Delgado", referiu a agência da ONU em nota oficial.

O último caso em que crianças foram raptadas por rebeldes em Cabo Delgado ocorreu em 23 de janeiro, quando um grupo rebelde atacou a aldeia de Mumu, em Mocímboa, a mais de 30 quilómetros da sede distrital.

Segundo a Unicef, as crianças que são raptadas por rebeldes têm sido obrigadas a desempenhar "funções de combate", uma "violação grave dos direitos dos menores".

Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de Maio, à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de insurgentes a saquearem a vila, provocando vários morto e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e militares ruandeses, que apoiam Moçambique no combate aos rebeldes.

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