A plataforma TikTok desmentiu esta quinta-feira "categoricamente" as alegações das autoridades romenas, que a acusaram de ter reservado um "tratamento preferencial" ao candidato presidencial de extrema-direita, que venceu surpreendentemente a primeira volta do escrutínio, realizada no domingo.

"É categoricamente falso pretender" que a conta de Calin Georgescu "foi tratada de forma diferente da dos outros candidatos", disse um porta-voz à AFP.

Ela "foi submetida exatamente às mesmas regras e restrições" dos outros candidatos.

A Presidência romena anunciou que foram detetados ciberataques para "influenciar a regularidade do processo eleitoral" em curso.

Na sequência de uma reunião do Conselho Superior da Defesa Nacional, as autoridades romenas divulgaram também que constataram "um interesse crescente" por parte da Rússia em "influenciar a agenda pública do país (...) no atual contexto da segurança regional".

Nesse sentido, o Conselho frisou que a plataforma TikTok deu "tratamento preferencial" ao candidato da extrema-direita pró-russa.

Calin Georgescu, que não é citado nominalmente, "beneficiou de uma exposição maciça" na rede social "que não o rotulou como candidato político", segundo o comunicado da Presidência romena.

Este facto teve "um impacto no resultado final" das eleições e exige a introdução de "medidas de emergência", sustentou o Conselho.

O Tribunal Constitucional da Roménia ordenou uma recontagem dos votos da primeira volta das presidenciais, que ditou a eliminação da corrida presidencial do primeiro-ministro Marcel Ciolacu, que também se candidatou e era aguardado como possível vencedor da votação após ter surgido como favorito nas sondagens.

A alta instância, convocada por um pedido de anulação da votação por parte de um dos candidatos, "ordenou por unanimidade a verificação e recontagem de todos os boletins de voto", de acordo com um comunicado hoje divulgado.

O Tribunal Constitucional deverá reunir-se novamente na sexta-feira.

Cristian Terhes, eurodeputado de extrema-direita que ficou em nono lugar na votação de domingo, acusa um dos partidos de ter continuado a fazer campanha 'online' após o prazo autorizado.

Terhes acredita que isso pode ter favorecido Elena Lasconi, autarca centrista de uma pequena cidade, que ficou em segundo lugar, logo à frente do primeiro-ministro, Marcel Ciolacu, que se viu excluído da corrida.

O Tribunal Constitucional rejeitou um outro recurso, recebido "tardiamente", que denunciava o financiamento pouco transparente da campanha de Calin Georgescu, que inesperadamente ficou em primeiro lugar na primeira volta das eleições.

Este antigo alto funcionário romeno - admirador do Presidente russo, Vladimir Putin, e opositor da ajuda fornecida à Ucrânia no contexto da invasão russa do país - fez uma intensiva campanha na rede social TikTok, o que suscitou a curiosidade das autoridades romenas.

Os resultados da primeira volta das presidenciais causaram uma onda de choque no país da Europa de Leste, de 19 milhões de habitantes, vizinho da Ucrânia, e que é membro da União Europeia (UE) e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

Georgescu, a quem as sondagens não davam mais de 6% dos votos, venceu a primeira volta com 22%, em grande parte devido à forte presença na rede social TikTok, segundo o Conselho Nacional Audiovisual.

A candidata Elena Lasconi ficou em segundo lugar nas eleições com 19,18% dos votos, e deverá disputar com Georgescu a presidência do país, na segunda e última volta, que está prevista para 8 de dezembro.

Entretanto, o primeiro-ministro, Marcel Ciolacu, reconheceu na segunda-feira a derrota nas eleições e anunciou a demissão da liderança do Partido Social-Democrata (PSD).

Os eleitores romenos voltam este fim de semana a serem chamados às urnas, com o país a realizar no domingo, dia 1 de dezembro, eleições legislativas.


Com LUSA