"O objetivo é conseguir relançar este projeto algures até meados do ano", disse Patrick Pouyanné, num encontro com investidores, na quarta-feira, declarações a que a Lusa teve hoje acesso.

A TotalEnergies, líder do consórcio da Área 1, tem em curso o desenvolvimento da construção de uma central, em Afungi, nas proximidades de Palma, para produção e exportação de GNL.

"Temos boas notícias. Todo o financiamento [do projeto] está de volta aos trilhos graças ao US Exim Bank [dos Estados Unidos, um dos financiadores] (...) Os acionistas decidiram, fundamentalmente, avançar com os projetos. Estamos todos a trabalhar nisso. Ainda estamos à espera de uma ou duas respostas [de financiamento], mas, na verdade, poderíamos financiar com o nosso capital próprio e, na realidade, é mais uma questão de burocracia", acrescentou.

Globalmente, o projeto, avaliado globalmente em 20 mil milhões de dólares (17,6 mil milhões de euros), está suspenso desde 2021, quando foi invocada a cláusula de força maior devido aos ataques atribuídos a grupos terroristas em Cabo Delgado.

Pouyanné reconheceu que quatro anos depois a área está "completamente segura e protegida".

"O que estamos a fazer hoje com os empreiteiros é garantir que todos eles permaneçam dentro do perímetro da área segura", acrescentou.

A retoma do projeto Mozambique LNG (na sigla em inglês) em Cabo Delgado, vai apoiar 16.400 empregos de 68 empresas nos Estados Unidos, afirmou o banco norte-americano Exim Bank, ao anunciar, em março, a aprovação do financiamento.

De acordo com informação do banco, noticiada anteriormente pela Lusa, o conselho de administração do banco público Exim Bank, que apoia as exportações e importações norte-americanas, refere que a "segunda emenda" ao empréstimo concedido em 2019 ao projeto, de até 4.700 milhões de dólares (4.300 milhões de euros), foi aprovada em 13 de março.

O financiamento visa "apoiar a exportação de bens e serviços dos Estados Unidos para o desenvolvimento e construção" do projeto integrado de LNG, investimento remanescente de 15 mil milhões de dólares (13,8 mil milhões de euros), que a TotalEnergies está a construir na península de Afungi.

"Apoiará a engenharia, aquisição e construção da fábrica de LNG 'onshore', instalações relacionadas e atividades 'offshore'. A transação, que estava numa pausa de quatro anos, apoiará cerca de 16.400 empregos norte-americanos bem remunerados, que sustentam trabalhadores e famílias em mais de 68 empresas em 14 estados", lê-se na informação do Exim Bank, que destaca ser "o maior negócio na história de 91 anos" da instituição de crédito.

O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, agradeceu em março ao homólogo norte-americano a aprovação de financiamento: "O vosso apoio desempenha um papel fundamental no avanço deste projeto crucial. O projeto Moçambique LNG tem o potencial de gerar 13 milhões de toneladas de LNG por ano, criar 40 mil novos empregos, incluindo aproximadamente 20 mil nos EUA".

A petrolífera TotalEnergies afirmou, em março, que o financiamento para retomar o megaprojeto de exploração de gás natural em Cabo Delgado, estava quase fechado, depois do aval do Exim.

"Estamos ainda numa situação de força maior, o projeto não reiniciou ainda, mas um dos passos críticos era a decisão do Exim Bank, que reconfirmou, reafirmou, o seu suporte para o financiamento global do projeto. É um financiamento muito importante, é um passo crítico", afirmou o diretor da TotalEnergies para Moçambique, Maxime Rabilloud.

Explicou que além do banco norte-americano, os bancos asiáticos do consórcio financiador já tinham reconfirmado um financiamento de cerca de cinco mil milhões de dólares (4,5 mil milhões de euros), estando apenas pendente a reconfirmação do financiamento de bancos europeus.

Desde outubro de 2017 que Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.

 

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