O Presidente dos EUA, Donald Trump, terá desencorajado Israel de atacar instalações nucleares iranianas no próximo mês para privilegiar a diplomacia e as negociações com Teerão, avançou, esta quinta-feira, o jornal The New York Times, citado pela AFP.

De acordo com o jornal, que referia fontes anónimas dentro do Governo norte-americano, Israel planeava atacar o Irão em maio para impedir o país de adquirir armas nucleares e esperava o apoio dos Estados Unidos.

Mas Donald Trump, depois de discutir o assunto com a sua equipa, optou pela via diplomática e tê-la-á defendido perante o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, durante a sua reunião na Casa Branca, na semana passada.

Trump responsabiliza Irão por qualquer novo ataque dos houthis

Israel esperava luz verde e apoio militar de Washington, em particular por causa das recentes declarações do Presidente norte-americano sobre os rebeldes iemenitas Houthi, apoiados por Teerão.

" Cada tiro disparado pelos Houthis será considerado, a partir de agora, como um tiro disparado por armas iranianas e o Irão será responsabilizado e sofrerá as consequências", que serão "terríveis", escreveu o também líder republicano em meados de março na rede social Truth Social.

Em 2018, durante o seu primeiro mandato, Donald Trump retirou o seu país de forma unilateral de um acordo internacional que previa o levantamento de certas sanções ao Irão em troca de regulação e vigilância às atividades nucleares iranianas.

Desde então, o Irão enriqueceu urânio muito para além dos limites permitidos pelo antigo acordo e conta agora com 274 quilos de urânio enriquecido com 60% de pureza, próximo dos 90% de grau militar, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).

Os países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, há muito que suspeitam que o Irão deseja adquirir armas nucleares, apesar de Teerão rejeitar estas alegações e defender o direito a produzir energia nuclear para fins civis.

O pedido de Trump ao Irão para ser negociado um novo texto

Desde que regressou ao poder, Donald Trump pediu ao Irão que negociasse um novo texto, ao mesmo tempo que ameaçava bombardear o país se a diplomacia falhasse.

Teerão e Washington, que não mantêm relações diplomáticas desde 1980, mantiveram conversações no passado fim de semana, mediadas pelo sultanato de Omã, sobre a questão nuclear iraniana, estando prevista uma segunda ronda de conversações para o próximo sábado.

O diretor-geral da AIEA alertou na quarta-feira, numa entrevista ao jornal Le Monde, que o Irão está perto de ter uma bomba atómica.

"É como um puzzle: eles têm as peças e um dia podem juntá-las. Ainda há um longo caminho a percorrer antes de lá chegarem. Mas não estão longe, temos de admitir", disse.
"Não basta dizer à comunidade internacional 'não temos armas nucleares' para que acreditemos. Precisamos de ser capazes de verificar", acrescentou.