A Alta-Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros insistiu hoje no direito da Gronelândia de decidir o seu próprio futuro, realçando ainda a relevância geoestratégica do território autónomo dinamarquês.

"Quaisquer decisões sobre o futuro da Gronelândia têm de ser assim decididas: pela população da Gronelândia", disse Kaja Kallas, perante os eurodeputados reunidos esta semana em sessão plenária em Estrasburgo, França.

A Alta-Representante da UE para a diplomacia advertiu que a única maneira de assegurar que o mundo continua a ser regido por regras é "respeitando na íntegra os princípios de soberania, integridade territorial e as delimitações fronteiriças".

Kaja Kallas, ex-primeira-ministra da Estónia, aludia à insistência por parte do Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, de anexar aquele território autónomo dinamarquês.

Trump já equacionou a possibilidade de comprar o território à Dinamarca ou fazer uma proposta à própria Gronelândia e aludiu também à possibilidade de anexá-la através de uma intervenção militar, ainda que não tenha taxativamente avançado com essa hipótese.

A UE "apoia totalmente a Dinamarca e a Gronelândia, e está a coordenar posições com os dois [país e território autónomo]", sustentou Kaja Kallas.

A responsável pelas posições diplomáticas do bloco comunitário destacou ainda que "há uma presença militar cada vez maior no Ártico", por isso a Gronelândia ganhou outra relevância geoestratégica.

O crescimento da atividade militar naquela região é uma consequência "da invasão russa" da Ucrânia, avaliou Kaja Kallas, e das "alterações das dinâmicas securitárias globais".

"É essencial estar vigilante", avisou.

Pedindo uma "segurança compreensiva e holística" no Ártico, a Alta-Representante para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança acrescentou que a UE vai continuar a apoiar as ambições próprias daquele território.