Numa conversa por videoconferência com He Lifeng, na noite de segunda-feira, Yellen mencionou "sobre atividades online maliciosas de agentes apoiados financeiramente pela China e o seu impacto nas relações bilaterais".

De acordo com um comunicado do Departamento do Tesouro, Yellen reiterou que "as práticas e políticas comerciais não competitivas, bem como o excesso de capacidade industrial continuarão a ter um impacto negativo impacto nas relações entre a China e os Estados Unidos".

Esta deverá ter sido a última reunião bilateral entre Yellen, que deixará o cargo a 20 de janeiro, e He Lifeng.

Em 30 de dezembro, o Departamento do Tesouro revelou, numa carta aos congressistas da Câmara dos Representantes, que foi vítima de um ciberataque no início de dezembro, sem risco para dados confidenciais, acusando Pequim de financiar a operação.

Segundo a carta, consultada pela agência de notícias France-Presse (AFP), o ataque afetou vários postos de trabalho do Tesouro, utilizando 'software' de um parceiro, o BeyondTrust.

A mesma fonte referiu que o ataque foi executado, "de acordo com as indicações disponíveis, por um ator apoiado financeiramente pela China".

"Assim que o prestador de serviços alertou o Tesouro, contactámos a Agência de Segurança Cibernética e de Infraestruturas e trabalhámos com as autoridades para determinar quais foram as consequências da intrusão", destacou, em comunicado, um porta-voz do Tesouro.

"O software corrompido foi removido e não há provas que sugiram que o intruso tenha conseguido continuar a ter acesso aos sistemas informáticos do Tesouro", acrescentou.

De acordo com detalhes fornecidos pelo Tesouro na sua carta aos congressistas, os 'hackers' conseguiram roubar uma chave codificada que dá acesso ao 'software' em questão, o que lhes permitiu contornar os sistemas de segurança e aceder remotamente a diferentes computadores.

Para o Tesouro, trata-se de um "grave incidente de segurança informática", que obriga a informar o Congresso norte-americano.

O Departamento do Tesouro planeia fornecer detalhes adicionais no prazo de 30 dias, conforme exigido pela Lei de Segurança de Informação de Sistemas do Governo Federal de 2014.

Atribuir um ciberataque é muito difícil de conseguir tecnicamente, devido às muitas técnicas utilizadas pelos hackers para encobrir os seus rastos, e é politicamente sensível.

Em março, Washington, Londres e Wellington acusaram a China de estar por detrás de uma série de ataques contra as suas instituições públicas nos últimos anos, acusação rejeitada por Pequim, que a considerou "totalmente infundada" e descrita como caluniosa.

 

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