
-Após dois jogos fora de casa é importante voltar a casa? Que perigos esconde esta equipa do Aves SAD que luta pela permanência?
- De nove jogos só jogámos três em casa, são muito poucos desde que chegámos ao FC Porto. Quanto mais jogos em casa, melhor, por isso, sim, é importante. O rival mudou o treinador, tem boas transições, são rápidos pelos flancos, temos de respeitar muito a forma como jogam e temos de estar preparados para possíveis transições e estar no meio-campo deles o máximo de tempo possível.
-Em Braga o FC Porto deu uma certa ideia de inexistência. Isso deixa-o alarmado?
- Nestes nove jogos, a equipa teve momentos perto do que queremos, mas ainda não tivemos um jogo completo em que dissemos ‘é o que queremos’. Por momentos fizemos bem algumas partes, mas como já disse não gostei da forma como defendemos na primeira parte em Arouca, gostei como defendemos com o SC Braga, na primeira parte só tiveram um livre. A atacar já não gostei tanto. Temos de continuar a crescer, na parte ofensiva estamos a dever e este é um bom jogo para mostrar. Temos de conseguir que não sejam momentos, mas sim jogos inteiros. A cada fim de semana temos dois adversários: o rival e nós mesmos. É bom ganhar ao rival, mas também ganhar e ser melhores.
- Como reage à contestação dos adeptos à chegada do jogo em Braga?
- Peço que os adeptos que acreditem. Tenho a noção do clube que represento e o trabalho que faço e acredito muitos nos nossos jogadores e no que somos capazes de fazer. Sabemos o que temos de melhorar e o que estamos a fazer bem. Precisamos dos adeptos. Já fui adepto, o adepto é como a namorada mais difícil, não vai dar amor porque sim, e gosto disso porque é preciso conquistá-la. Estamos todos juntos, é por aí. Quando isso aconteça contra o que venha, ganhamos dinâmicas que nos tornam invencíveis.
- Impôs um sistema com três defesas. Durante esta semana acha que os jogadores continuaram a aceitar essa ideia?
- A profundidade da resposta à tua pergunta vai levar mais de sete minutos, vou bater o recorde anterior... (risos) Os remates à baliza não contam, não são dados... se foi um ou se foram mil. Se o Diogo remata à baliza, não conta. Os dados certos são o perigo à baliza e aí, sim, pouco. Estamos a trabalhar para melhorar. O sistema não é o mesmo que o modelo de jogo, pelo menos para mim. Sistema é a disposição dos jogadores em campo, modelo é o que fazemos e não vou mudar o que fazemos, tentar controlar o jogo com a bola, tentar recuperá-la o mais rápido possível, mas sem pressionar o jogo todo porque há que saber retê-la. É preciso saber ter mais a bola para controlar a bola com bola. Isso é modelo de jogo. Sistema é outra coisa. Com que sistema o FC Porto atacou contra o SC Braga? Atacamos com quatro e não com três, atacámos também com o Martim Fernandes. Os nomes são uma coisa, sistema é outra. Vejam o jogo. No segundo tempo atacamos com três. Qualidade no ataque à baliza, estamos de acordo. É um aspeto que temos de melhorar.
- O João Mário disse que a equipa evoluía nos treinos, mas não conseguia transportar isso para os jogos. Como explica isso?
- Não é o mesmo treinar e jogar. Estamos a fazer coisas boas nos treinos e agora há que as plasmar em campo. A minha resposta é que vão fazê-lo esta semana. Vejo isso. Há que ser valente. Para melhorar há que ter a humildade que reconhecer que algo não está bem e valente para mudar. Admitir que temos de melhorar é o primeiro passo. Depois é preciso a coragem para passar pela frustração, é como tocar guitarra. Depois da guitarra há que tocar a canção, há que passar pelo erro, admitir que temos de melhorar e estou convencido de que o vamos fazer neste jogo.
- O FC Porto vai lutar pelo terceiro lugar, não sei se concorda? É motivador o suficiente para si? Para que servem estes próximos nove jogos, se lhe dão margem de manobra para a próxima época.
- Não, não... Os jogos servem para competir, do primeiro ao último. Ganhando ao adversário e a nós próprios, para sermos melhores em cada partida nos nove que faltam.