António Areia, de 34 anos, é um dos elementos mais experientes da Seleção Nacional, que quer continuar a fazer história no Campeonato do Mundo, onde já garantiu a melhor classificação de sempre. Este domingo, frente à França (14h00), os Heróis do Mar vão em busca de uma inédita medalha de bronze. Em conversa com Record, António Areia mostra-se confiante na obtenção de um grande resultado...

RECORD - Era difícil fazer melhor nas meias-finais frente a uma super Dinamarca?

ANTÓNIO AREIA - Melhor acho que é sempre possível fazer. No entanto, o grau de dificuldade era bastante elevado. Nós conseguimos, na primeira parte, estar bem no jogo, algo tranquilos. Falhámos alguns remates, como é normal, mas depois começámos a cometer erros que, contra estas equipas, se traduzem em golos diretos e fáceis. E foi isso que começou a acontecer e eles foram para cima de nós, literalmente... Marcaram a diferença também no resultado e a diferença também notou-se entre as equipas, porque uma é tricampeã do Mundo e campeão olímpica, e a outra está a jogar pela primeira vez as meias-finais. Portanto, foi esse conjunto de fatores que fez com que eles disparassem no marcador.

R - Acha que esse jogo pode deixar alguma marca a nível mental para o jogo de domingo com a França?

AR - Eu estou super convicto que não vai deixar marca nenhuma. Porque nós temos esta qualidade, somos um grupo muito focado e ambicioso. E aquilo que aconteceu frente à Dinamarca, agora analisando mais a frio, acabou por ser o mais natural. Portanto, nós sabíamos que se não ganhássemos à Dinamarca teríamos que ir com tudo para conquistar a tão desejada medalha. E em nada vai abalar tudo o que já fizemos, e em nada vai abalar o espírito que temos entre nós para conseguir essa tal medalha.

R - Considera que o jogo frente à França é um dos jogos mais importantes da sua carreira e também da Seleção?

AR - Claro que sim, amanhã é o jogo da nossa vida. Estamos a lutar pela medalha num Campeonato do Mundo, numa posição que muitos sonhávamos, mas não sabíamos que ia ser já. E depois do percurso brilhante que tem sido este Mundial, só temos que encarar o este jogo de uma forma super-positiva, super-confiante naquilo que podemos fazer. Porque nós realmente podemos fazê-lo. Mas ter noção, como é lógico, que estamos a jogar com outra grande seleção. Se defrontámos nas meias-finais a tricampeã mundial, agora vamos defrontar a campeã europeia. Portanto, sabemos o que é que vamos apanhar pela frente também. Sabemos daquilo que somos capazes e as qualidades que temos. E vamos pô-las em campo com tudo no domingo, porque é um jogo especial também, super importante para nós, que todos queremos jogar e todos queremos ganhar.

R - A nível tático, esta França é uma equipa diferente da Dinamarca...

AR - Sim... mas acho que todas as equipas neste momento são diferentes da Dinamarca. A Dinamarca está num patamar muito grande, joga de uma forma muito especial, a velocidade, a conexão, dinâmica, etc... É uma coisa incrível. Mas a França é uma equipa diferente, é uma equipa que explora muito bem os pivôs, muito forte na transição e também muito consistente. Parece que estou a dizer as mesmas coisas, mas acho que há aqui uma diferença grande. A Dinamarca tem guarda-redes incríveis, a França também tem, mas o nível é diferente. É igualmente alto mas diferente.

R - Vocês já estão cientes do feito que estão a fazer e o impacto que estão a ter em Portugal?

AR - Sim, nós temos alguma noção, porque recebemos muito apoio e muitas mensagens através de telefone e redes sociais. Nós sentimos aquilo que está a passar em Portugal. Se calhar não temos realmente a noção porque não estamos presentes, mas acho que, como é lógico, todos nós sabemos aquilo que estamos a fazer e temos noção de que estamos a fazer algo histórico para a nossa modalidade e para o nosso país. Mas, como eu digo, sempre que os pés assentes na terra, bem cientes de que falta dar um passo. E todos nós acreditamos que é possível dar esse passo. E depois, quando chegarmos a Portugal, logo receberemos o amor e o carinho que temos sentido por todos.