O mercado de inverno fechou e o Vitória terminou como um dos maiores protagonistas da janela de transferências. Durante o mês de janeiro, os minhotos levaram a cabo várias operações, destacando-se, sobretudo, pelas saídas e pelos respetivos encaixes.

A venda mais significativa foi a de Alberto à Juventus, a troco de 12,5 M€ no imediato e com possibilidade de chegar aos 15 M€, mas outras houve que ficaram na retina, como aconteceu com a saída de Manu Silva para o Benfica, por 12 M€ mais 2 M€ em objetivo, ou com a venda de Kaio César ao Al Hilal, por 9 M€.

Dias depois de fechado o período de inscrições, António Miguel Cardoso falou pela primeira vez em público e fez um balanço a todos os negócios. 

Necessidade de vender: "Acho que sim. É evidente que foi um mercado importante para nós, isto já estava previsto. Aliás, na última Assembleia Geral, quando tanto se falou das contas, nós sempre dissemos que tínhamos feito uma aposta na qualificação para a fase de grupos da Liga Conferência, que tínhamos feito uma aposta forte naquilo que era a equipa, naquilo que eram os objetivos, que entretanto foram conseguidos. Se quer que lhe diga a verdade, seria muito melhor no final da época, isso é indiscutível, mas foi agora. O Vitória precisa e faz parte daquilo que é o projeto do Vitória, portanto o paradigma não se alterou de forma alguma."

Números: "Admito que o Vitória vendeu melhor agora do que vendeu lá atrás. Admito que sim, a presença na Europa é importante, eu acho que ajuda a valorizar os ativos. Tínhamos jogadores com muita qualidade, e acho que isso é bem visível, agora nós sentíamos e muitas vezes fomos acusados de ter feito más vendas no passado, e acredito que é legítimo o questionamento dos sócios e das pessoas. Agora muitas vezes nós éramos confrontados, como já falamos no passado, com necessidades que tínhamos prementes, e este projeto é um projeto de médio e longo prazo, e nós não podíamos que o Vitória caísse em problemas como falta de pagamentos de salários, como dívidas excessivas a fornecedores, e portanto muitas vezes fomos confrontados com aquilo que era preciso, que era dar estabilidade a este projeto. Acho que esta fase é uma fase importante em que muitas coisas se começam a materializar."

Alberto sem surpresa: "Nós já acompanhamos o Alberto, pelo menos desde que entrámos, desde que a nossa Administração entrou há três anos, já que tínhamos detetado o Alberto como um ativo muito interessante. Tem um biótipo diferente, é um atleta diferente, e o futebol hoje em dia procura muito esse tipo de atletas. A partir do momento em que começou a jogar connosco, tanto na equipa B como na equipa A, a partir de determinado momento começamos a perceber que realmente a Europa estava muito atenta ao Alberto. Com a qualidade que ele foi demonstrando quando começou a jogar tanto a nível doméstico como internacional, depois começaram a aparecer imensos contactos, começamos a perceber que seria uma coisa que poderia acontecer com alguma facilidade."

Manu Silva: "Acho que aqui claramente arranjámos um binómio que é a vontade do jogador, que realmente ele queria ir para o Benfica, e a melhor proposta para a Vitória foi a do Benfica, e é verdade que havia outros clubes, havia outros projetos, havia outros interessados. Acho que o Manu era um jogador importante, neste momento já não é, porque faz parte do Benfica e nós agora temos que nos preocupar com os nossos. Foi feito um bom encaixe e acho que faz parte daquilo que é o projeto do Vitória. Há determinados valores e o Vitória atual não pode dizer não a determinados valores, e nós também não podemos esquecer que os próprios jogadores têm ambições e nós temos um teto salarial que muitas vezes é impossível de cobrir perante estes clubes que estamos a falar, e por isso são coisas naturais."

Kaio César: "Eu percebo sempre a opinião dos sócios, mas nós temos no dia-a-dia outro tipo de questões e outro tipo de decisões que temos que tomar. Nós no ano passado fizemos um empréstimo com a opção, se não me engano em Janeiro, e andamos ali até ao fim para acionar a opção de compra, mas financeiramente não nos foi possível. Quase em cima da hora dissemos que o jogador teria que voltar para o Brasil, contra a nossa vontade e a vontade do jogador na altura. No início desta época, e já um bocadinho com as relações tensas com o Coritiba, voltamos a pedir o empréstimo, e eles disseram que não, que nem pensar, que as coisas não tinham corrido da melhor forma. Por isso acabamos por fazer o empréstimo do Kaio mesmo em cima da hora e já em condições que não eram as melhores, mas nós queríamos muito que ele voltasse. E portanto foi feito um novo acordo de empréstimo, que não foi o melhor acordo, mas foi o possível perante aquilo que eram as condições naquele momento.

Por isso tudo isso acaba por também trazer aqui um menor retorno ao negócio do Kaio. Agora, a verdade é que o Kaio também foi outro jogador que deu nas vistas, nós fomos recebendo propostas de outros clubes inferiores, recebemos propostas de 6 milhões, de 7 milhões, e o Kaio naturalmente, porque quer fazer a vida dele, também tinha vontade de sair. E foi fazendo a sua pressão natural, porque também queria mudar de vida. Chegou a um ponto em que recebemos uma proposta superior a essas que nós já estávamos a falar, um projeto em que o Kaio vai ganhar 10, 11, 12 vezes mais daquilo que ganha no Vitória, e nós temos que ser compreensíveis, isso faz parte, é natural. Portanto, o Vitória não se pode dar ao luxo de chegar a um valor de 9 milhões e dizer que não, não pode, e por isso, a partir daí, tudo se fez para que as coisas se parecessem a acontecer da melhor forma."