PARIS – Um. Dois. três. Quatro. Cinco. Foram vários os atletas portugueses a levantar a voz ao longo dos Jogos Olímpicos, a pedir que o desporto receba mais apoio.
Iúri Leitão, Rui Oliveira, ou Pichardo, que conquistaram quatro das cinco medalhas que a comitiva leva na bagagem foram os primeiros a lembrar que aquilo que se exige aos atletas, de quatro em quatro anos, quando há Jogos Olímpicos, é muito superior ao que o país lhes dá para que tenham condições para lutar com os melhores.
A ideia foi repetida publicamente inúmeras vezes. Por atletas das mais variadas modalidades, mas questionado sobre isso, José Manuel Araújo, secretário-geral do Comité Olímpico de Portugal (COP), defendeu que essa não a perceção que a entidade tem sobre o sentimento dos desportistas.
«Embora possa haver observações de atletas em determinados momentos, aquilo que sentimos é que a generalidade deles reconhece que o apoio que recebem do COP no âmbito do contrato-programa é significativo para o seu alto-rendimento», introduziu, durante a conferência de imprensa de balanço, feita em Paris, neste domingo.
«Ao dizer isto, significa que entendemos que o apoio que vem do governo para o COP distribuir, na nossa opinião é suficiente. Claro que pode ser mais, e temos esse espírito de reivindicação para tentar ter um pouco mais em relação ao ciclo anterior, algo que os resultados positivos também nos ajudam a ter a possibilidade de explicar ao Governo as condições que podemos dar», acrescentou.
Nesse sentido, o mesmo responsável considera que o facto de os atletas pedirem mais apoios está relacionado com o facto de quererem, também eles, dar mais.
«É verdade que todos nós pedimos sempre um pouco mais, e quando atingimos o máximo ainda queremos mais. Não vemos que haja uma lógica de reivindicação de ‘nós não temos suficiente’, mas sim de ‘nós queremos mais, porque também queremos dar mais ao país’. Ou seja, não temos uma visão negativa, mas sim positiva de apelo para impulsionar o apoio ao projeto olímpico», resumiu.
Já o chefe de missão, Marco Alves, relembrou que há reivindicações que não foram atendidas para o último ciclo olímpico que, recorde-se, teve apenas três anos devido ao adiamento da edição de Tóquio para 2021, e que espera que possam ser integradas no próximo contrato.
«Fizemos um conjunto de propostas, muitas delas acompanhadas de mais financiamento, que na altura da contratualização das medidas de apoio para Paris 2024 não foram possíveis. E temos consciência do país em que vivemos, Mas somos ambiciosos, porque o alto-rendimento não se faz de outra coisa, e gostaríamos de ver algumas situações melhoradas», entende.
O mesmo responsável notou ainda que as propostas têm de ser apresentadas antes de se conhecerem os critérios de qualificação de várias modalidades, o que também condiciona no momento de o fazer.
«O contrato-programa tem características específicas, como o facto de só poderem ser negociadas de quatro em quatro anos. E sabemos que aquilo que introduzirmos agora só terá frutos em 2028 (Los Angeles), ou 2032 (Brisbane). Agora, teremos de perceber quais serão os desafios para o ciclo de Los Angeles. Será uma edição que se realiza noutro continente, com processos de qualificação que ainda não são conhecidos e vamos ter de analisar para preparar esses cenários», referiu.