
— Como encara este jogo com o Moreirense, numa jornada em que não conta com Alan Varela? Encontra no plantel um jogador que possa substituir o argentino?
— Antes de mais, desejar uma rápida recuperação ao treinador adversário [Bacci está a recuperar em casa de uma pneumonia, n.d.r.], creio que não poderá estar no jogo, portanto, desejo-lhe as melhoras. Tínhamos falado no final do jogo anterior que temos de conquistar os três pontos nas três partidas e, nesse sentido, não pode existir relaxamento. Há que preparar o jogo porque é um compromisso que temos com os nossos adeptos. Alan é um jogador muito importante, mas temos várias soluções para suprir a sua ausência.
— Fez esta semana três meses que assumiu o comando do FC Porto. Que balanço faz deste período? Está desiludido com as derrotas que tem acumulado?
— É difícil fazer um balanço quando estamos em plena competição. Os balanços fazem-se no final da época. Vamos analisar o processo, rever o que tem acontecido, que matrizes podemos incorporar, coisas podemos melhorar. É procurar a melhor forma de sermos competitivos. Em certos momentos fomos competitivos, mas noutros momentos não tivemos o impacto esperado. Jogos como no último [com o E. Amadora] em que não fomos como queríamos. Tem faltado sermos consistentes, é um aspeto a corrigir. Uma equipa que quer ser campeã tem de ser constante. Temos de melhorar nesse sentido e também em alguns aspetos táticos. Vamos procurar sermos constantes nos próximos jogos para encarar a próximas época da melhor maneira.
— O seu nome tem sido falado como estando na mira do Boca Juniors e Rayados de Monterrey. Se não conseguir o terceiro lugar na Liga, acha que tem condições para permanecer no FC Porto?
— Sou suficientemente claro quanto a este tipo de rumores, aliás qualquer tipo de rumores, bons e maus. Tenho contrato com o FC Porto até 2027. Pelo menos! Estou mil por cento comprometido, sabemos o que queremos construir, tenho muita esperança de conseguir algo pelo FC Porto e nesse sentido sou um lutador incansável. O meu compromisso com o FC Porto é máximo e todos os rumores não os escuto, porque não sei.
— Falou de compromisso. Como lida com a crítica do 12.º jogador, o adepto?
— Não lido com as críticas, porque filtro o ruído e foco-me no que tenho de fazer. Há demasiado trabalho por fazer para me deixar intoxicar pelo ruído. Disse-o no jogo anterior, os adeptos demonstraram descontentamento e têm todo o direito a fazê-lo, porque sabemos que amanhã vão estar presentes a apoiar-nos. Eles esperam pelo jogo durante toda a semana e fazem viagens longas e estão ansiosos por ver a equipa ganhar. Ganhar é o mais importante, mas nunca pode faltar competitividade aos olhos dos adeptos. A competitividade é tudo, quanto mais competes mais perto estás de ganhar. Quando não competimos da melhor forma, é quando chegam as críticas, que são válidas. Os adeptos sabem aplaudir quando não se conseguiu um triunfo, mas houve a competitividade esperada. Não podemos oferecer nada aos adversários, porque no último jogo faltou competitividade. Disse-o aos jogadores e isso não pode acontecer.
— Como está a relação com o plantel e com o diretor desportivo Andoni Zubizarreta?
— Não percebo a pergunta. Está excecional, tenho uma relação muito boa com toda a gente no FC Porto. Gostamos de trabalhar juntos, de falar sobre tudo, e sinto o plantel com sede de vingança para acabar a época da melhor forma. Somos todos seres competitivos e vivemos da competição. Quando sentes que não competes como deves só queres voltar a competir novamente. Há jogos que perdes e em que deste tudo e outros em que só queres voltar a competir. Vamos atrás disso, queremos competir novamente. Não presto atenção ao ruído nem faço comentários quanto a isso.
— O Rodrigo Mora fez quatro golos nos últimos jogos. Esperava que não houvesse tanta dependência de um jogador e mais coletivo?
— Está a jogar a um bom nível e tem marcado golos, mas ser um jogador específico a marcar não me diz muito sobre o nível da equipa. Para que o Mora faça golos há um trabalho de equipa por detrás. As pessoas vivem dos resultados e o golo tem impacto nos resultados. Vocês não olham para o que não tem impacto, só pensam se foi golo ou não, falta ou não, vivem disso. O golo tem impacto e o Rodrigo tem-nos marcado, se o resto da equipa não marca então, para vocês, estão num mau nível. Digo-o após ganhar e depois de perder, a análise é muito mais profunda, o talento e a magia dele resolvem, mas também há outros elementos que lhe dão a bola, que defendem, correm, pressionam e desgastam o adversário. Podemos falar de rendimento, mas é algo mais amplo do que isso.
— Quando assumiu o comando técnico estava em igualdade pontual com o Benfica. Está agora a 13 pontos. Há explicação para esta quebra tão acentuada?
— Podia dar-vos dez títulos para manchetes, mas só tenho que me explicar aos adeptos. Se eles quiserem, junto-me a eles e explico-lhes. Não entro nesse jogo. Há um processo, uma troca de ideias, um monte de especificidades, muitas mudanças na forma de jogar, jogadores vendidos e resultados. Podia enumerar muitas coisas, mas faço a análise tranquilamente, porque é esse o meu trabalho como treinador. Gosto de entender o motivo de tudo. Não fazemos as coisas por fazer, fazemo-las porque entendemos o funcionamento da máquina. Essa é a ferramenta-chave para fazer melhor, entender o porquê, o que estás a fazer bem ou mal, o que funciona e não funciona, as coisas certas e erradas. O erro acontece e é permitido, o que não é permitido é não perceber que se errou. Para isso é preciso entender os motivos e estamos a fazer isso tranquilamente.