
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O Benfica empatou ontem na Luz a três golos frente aos franceses do AS Mónaco. Depois da vitória na primeira mão, realizada em França, a equipa de Bruno Lage entrou em campo decidida a resolver esta eliminatória no inferno da Luz, perante o seu público. Mas nem tudo foram rosas neste jogo… O Benfica voltou a demonstrar alguma instabilidade defensiva, sobretudo na zona central do terreno, que sofre com as ausências de Florentino e Manu, que obrigam Barreiro a ter um papel mais defensivo no terreno de jogo, o que limita a ação atacante do médio luxemburguês.
Neste esquema de três médios, quem salta sempre na pressão é Aursnes, que se junta a Pavlidis para formar uma espécie de 4-4-2 sem bola, e Kokcu fica mais perto de Leandro para ser ele o principal armador de jogo quando a equipa encarnada recebe o esférico. Mas para mim, o principal problema surge exatamente aqui, porque quando Aursnes avança no terreno para pressionar, é como se a “cola” que une este meio campo desaparecesse, deixando sempre a equipa super desprotegida na zona interior devido ao facto de Kokcu não ser tão efetivo a defender como os demais. Ora não faria mais sentido ser Kokcu a saltar na pressão, tendo até em conta que as suas características sejam mais ofensivas, ele que até é um jogador de último passe? Sei o que estão a pensar, esta questão é como se fosse um ‘pau de dois bicos’, porque se for Kokcu a saltar na pressão, depois não vai conseguir ajudar na criação, mas vai estar mais perto da zona do último passe, onde é mais forte. No entanto, a equipa está orfã de alguém que saiba sair com critério a partir de trás, esse alguém seria provavelmente Manu, mas infelizmente o médio português sofreu um revés que não lhe permite dar o seu contributo à equipa, o que faz com que Kokcu, e até Barreiro na minha opinião, não possam “dar mais” de si à equipa. De resto, pareceu-me um jogo muito interessante de se ver, impróprio para cardíacos, mas delicioso para todos os amantes de futebol. E como nesta crónica não quero só falar de Benfica, gostava de deixar uma nota para Embolo, pelo grande trabalho que fez ao amarrar Otamendi, para Ben Seghir, pela criatividade que imprimiu, mas sobretudo, para Akliouche. Quem assistiu à partida de ontem percebeu perfeitamente que o AS Mónaco, com todo o respeito, já é demasiado pequeno para este autêntico diamante em bruto, que com a bola nos seus pés, fez quase sempre o que quis, com velocidade e critério. Para mim, é uma das próximas jóias a rebentar no futebol francês, e como disse Adi Hutter na conferência de imprensa pós jogo, já é um protagonista com apenas 22 anos de idade.
Deixo por fim os meus parabéns ao Benfica, pela boa prestação nos dois jogos, pela raça e atitude demonstradas, e sobretudo pela passagem à próxima fase da Champions League. Agora vem aí um tubarão no caminho encarnado, no entanto, a equipa de Bruno Lage já mostrou que se sente confortável a nadar em sítios onde os outros não gostam tanto.