Na véspera do duelo com o Benfica, da primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal, Emanuel Simões frisou que se o Tirsense não acreditasse que podia surpreender os encarnados «mais valia não aparecer».

«O balneário pensa a mesma coisa que o treinador, se não pensássemos isso, mais valia não aparecer. Aparecia uma virose e não podíamos jogar. Temos a possibilidade de jogar uma meia-final passados não sei quantos anos [desde 1970/71]. O Tirsense vai jogar uma meia-final por mérito próprio, vai ser uma bandeira de uma centena de clubes do Campeonato de Portugal. Temos a responsabilidade de acreditar. Já disse várias vezes no balneário. Já vi o Gondomar ganhar o Estádio da Luz. O Gondomar estava numa divisão muito baixa. Ainda agora no estrangeiro aconteceu a mesma coisa. Temos de acreditar. Se vamos conseguir? É outra história. Mas vamos fazer por isso, dar bom espetáculo e só temos de estar com essa mentalidade. Se não acreditarmos, as probabilidades vêm para zero», referiu, em conferência de imprensa.

O técnico, de 45 anos, realçou ainda que o facto de a equipa ter assegurado a manutenção no Campeonato de Portugal, no último sábado, permite-lhe encarar este desafio de outra forma.

«Teremos um Tirsense preocupado com este jogo, agora que a manutenção está garantida. Queremos mostrar que há boas equipas no Campeonato de Portugal e que o Tirsense está vivo. Vamos tentar fazer o melhor possível. Já o disse anteriormente que se não tivesse a manutenção assegurada, ia deixar a melhor equipa de fora. Há sempre uma primeira linha e nestes momentos os melhores jogadores iam ficar guardados para o fim de semana por muito que as pessoas não gostassem. Assim posso meter a carne toda no assador», adiantou.

Emanuel Simões apontou «a humildade» como a arma que o Tirsense vai utilizar para tentar surpreender o Benfica. «Queremos mostrar que no futebol não há impossíveis, sabendo que é complicado, mas que o futebol tem estas coisas. Nunca sabemos o resultado antes do jogo acabar. As chances são reduzidas, mas existem», destacou.

O treinador já teve, de resto, uma experiência na Taça de Portugal contra um dos três grandes do futebol nacional. Há uma década, então ao serviço do Vizela, Emanuel Simões perdeu frente ao Sporting por 3-2, um encontro que foi relembrado na conferência de imprensa.

«Vai ser parecido. Passados 10 anos as coisas não mudaram muito. Durante o jogo não mudei muito. Vendemos cara a derrota ao Sporting na altura e espero um pouco isso amanhã também», admitiu.

Em relação ao Benfica, o técnico do Tirsense deixou rasgados elogios ao adversário no duelo desta quarta-feira, que será jogado no Cidade de Barcelos.

«Vamos jogar contra apenas e só a melhor equipa em Portugal. Vamos tentar dignificar a possibilidade de estarmos nas meias-finais por mérito próprio. A nossa responsabilidade é dar o nosso melhor», antecipou.

«O Benfica não vai mudar a forma de jogar, mas tenho poucas dúvidas de que vai utilizar jogadores com menos minutos. Vai mudar alguns jogadores, é o mais natural fruto do jogo que teve há dois dias. Mas as segundas linhas do Benfica são fortes o suficiente para o que estamos a falar», acrescentou.

Emanuel Simões alertou ainda para a necessidade de o Tirsense não conceder muitos espaços aos jogadores encarnados e não mostrou quaisquer problemas em «defender com sete em linha», lembrando que o adversário também tem pontos fracos.

«Como se prepara a equipa? Prepara-se para perceberem que parar jogadores com o calibre da equipa do Benfica é não dar muitos espaços. É não querer igualá-los nos movimentos e no jogo. Temos de ser humildes. Hoje, no treino, dizia-lhes que se tivermos de defender com sete em linha, defendemos. Não nos vamos subjugar e só defender, mas se quisermos dividir no um para um não temos hipóteses. Noutros jogos, uma cobertura chega, neste jogo se calhar precisamos de duas coberturas. Precisamos de trabalhar mais isso. Se dividirmos o jogo assim, teremos hipóteses. O Benfica também tem pontos fracos», concluiu.

O Tirsense recebe, às 20h45 desta quarta-feira, o Benfica em Barcelos, a 35 quilómetros de casa, o Abel Alves de Figueiredo.