
Edoardo Bove, médio da Fiorentina, foi notícia ao cair inanimado no relvado em jogo frente ao Inter. Depois dos momentos de pânico, o jogador de 22 anos foi transportado para o hospital e colocou um desfibrilhador interno. Agora, em entrevista, confessou que ainda se incomoda com as imagens e não sabe se voltará a viver sem o aparelho que, em caso de paragem cardíaca, ajuda o coração a reanimar.
«Ao início, as pessoas estavam apreensivas, mas eu compreendia. Mais tarde, percebi o susto que provoquei e que ficavam felizes de me ver. Percebi a gravidade do que aconteceu. Quando acordei no hospital, não entendi o que havia acontecido e queria ver o momento em que caí. Não me incomodava ver as imagens, mas, com o passar do tempo, começou a incomodar-me mais, agora faz-me voltar ao momento», começou por dizer Bove, que diz ter «muita sorte» por ter sobrevivido.
O jogo frente ao Inter continua a ser uma miragem para o italiano. «Lembro-me do golo do Lautaro, que foi anulado. Baixei-me e, quando me ia a levantar, caí. Dizem que fiz uma confusão na ambulância, parecia estar possuído, mas não me lembro no hospital. Nunca senti nenhuma dor no peito», explica Bove, que volta a falar da sorte que permitiu que continuasse com vida: «Estava no sítio certo à hora certa. Os médicos disseram-me que podia ter acontecido em qualquer momento.» Agora, o resto da vida de Bove deverá ser passada com o aparelho: «Avisaram-me logo que o melhor seria colocar o desfibrilhador, dá-me muitas garantias. Estou a aprender a conviver com isso. Quando durmo de uma certa maneira, sinto-o. No aeroporto, tenho passagem prioritária!»
Devido a regras em Itália, Bove não pode jogar no país com o aparelho. Contudo, noutros campeonatos tal é permitido. «No futuro, terei de ver se posso tirar e, caso seja possível, fá-lo-ei», explica o jogador, que, ainda assim, não descarta a possibilidade de rumar ao estrangeiro. «Devo-o a mim mesmo e aos sacrifícios que fiz. Não quero desistir. Depois do problema, falei com Eriksen», adicionou, referindo-se ao jogador que joga no Manchester United com um desfibrilhador, após colapsar em campo em jogo do Euro 2020.
«A ideia de parar é inconcebível para mim. Temo não gostar de mim se tiver de o fazer. Sofreram muito neste período», continuou. Bove, treinado por Mourinho na Roma, destaca a chegada à equipa principal como momento-chave: «Um dos dias mais importantes da minha vida foi chegar à equipa A da Roma. Percebi que tinha conseguido. Mancini, Pellegrini, Cristante e Dybala deram-me muitos conselhos. Os treinadores foram fundamentais e estou convencido que De Rossi terá uma grande carreira.»
Segundo o médio, o momento fez lembrar a morte de Davide Astori, capitão da Fiorentina que morreu repentinamente no quarto de hotel em 2018. «O meu caso foi vivido por Florença com muita atenção e empatia por tudo o que aconteceu com Astori. Todos reviveram esses momentos e isso deu poder à história. Muitos pensam que foi ele que me ajudou a continuar cá. Não tive a sorte de conhecê-lo, mas está em toda a parte no centro desportivo da Fiorentina», concluiu.