Imagine-se juntar dois dos melhores tenistas de sempre, com 25 anos de uma rivalidade dividida sempre por ténis de muita qualidade. Ora, se apenas resta um membro do histórico “big-4”na competição, porque não coloca-lo sob a asa de outro? Foi isso mesmo que pensou Novak Djokovic. O sérvio tem ainda uma palavra a dizer no ténis mundial, palavra essa que agora será orientada por Andy Murray, o seu novo treinador.

Partiram de grandes rivais para companheiros, mas sempre como grandes amigos. Da mesma maneira, partimos de um “never even liked tennis anyway” (“na verdade, nunca gostei de ténis”), palavras de Andy Murray após anunciar o final de carreira, para um “he never liked retirement anyway” (“na verdade, ele nunca gostou da reforma”). Foi desta forma que o sérvio anunciou a nova parceria, acompanhado de um vídeo com os melhores momentos em que estes gigantes partilharam o court.

Certo é que ninguém esperava por isto. Contudo, Murray parece-me a escolha acertada para guiar Novak nesta fase da carreira. A qualidade técnico-tático do sérvio é inegável (os 24 títulos do Grand Slam que o digam), daí não precisar de um treinador que o ensine a jogar. Precisa, sim, de alguém que o conheça e que esteja familiarizado com a pressão da competição, capaz de prestar o conselho acertado para ultrapassar as adversidades do jogo. Alguém que o posso ajudar na análise do adversário e na discussão das melhores estratégias para cada duelo. Por isso mesmo, Andy Murray cabe que nem uma luva.

Aliás, foram essas as razões utilizadas pelo atual número sete do ranking ATP para justificar a contratação do antigo rival. “Percebi que o treinador perfeito para mim nesta altura seria alguém que passou pelas experiências por que estou a passar agora, possivelmente um campeão de múltiplos Grand Slams, antigo número um… E o Andy Murray surgiu em cima da mesa”, afirmou Djokovic, em entrevista à Sky Sports.

Entre Djokovic e Murray foram 36 duelos, com 25 triunfos sérvios para 11 do escocês. Ao longo das suas carreiras, Novak esteve 428 semanas como líder mundial, perante as 41 de Andy. Para o adepto da modalidade, estes parecem os contornos perfeitos para uma “last dance” de Djokovic no Open da Austrália. Por um lado, o aproximar do final da caminhada do jogador com mais Grand Slams e, assim, o ponto final na história do “big-4” desmotivam os amantes do ténis. Por outro, esta é a forma que muitos escolheriam para terminar este capítulo, mesmo sem fazerem ideia que a desejavam.