Ruben Amorim passa esta segunda-feira a ser um quarentão. Há exatas quatro décadas, 27 de janeiro de 1985, era domingo. E dia de jogo. Jogo grande, aliás. No Estádio da Luz, apinhado de ponta a ponta, havia um clássico: Benfica-FC Porto. Os encarnados tinham Bento, Pietra, Veloso, Carlos Manuel e Nené, entre outros. Os azuis e brancos entraram com Eurico, Inácio, João Pinto, Futre ou Gomes, por exemplo. E aos 70’, a passe de Jaime Magalhães, Gomes desviou de cabeça e fez o golo do triunfo do FC Porto: 1-0.

No mesmo dia, talvez até pela mesma hora do SLB-FCP, na lisboeta Maternidade Alfredo da Costa, Anabela Francisco prepara-se para dar à luz. Virgílio Amorim, o marido, está nervoso. Mas tudo passa quando, por fim, o bebé nasce. E fica selado o nome: Ruben Filipe Marques Amorim (quando se casou, acrescentaria Diogo ao sobrenome). O sr. Virgílio torna logo o filho Ruben sócio do Benfica.

Anos mais tarde, pré-adolescente, Ruben começa a participar em torneios de miúdos, ao lado do irmão Mauro. Primeiro em hóquei em patins, depois em futebol. E, sócio do Benfica, cedo começa a gostar do clube e dos jogadores que vestem de vermelho. Pouco depois, passa a jogar nas camadas mais jovens dos encarnados. Até que, por volta dos 13/14 anos, é dispensado. Tal como muitos outros miúdos. Chora, fica triste, mas não desiste. Vai para o CAC da Pontinha. Segue-se, quando já vive na Charneca da Caparica, o Ginásio de Corroios.

Esteve perto de regressar ao Benfica em 2002, mas a transferência não se concretiza. E assina pelo Belenenses. Tem 17 anos. Estreia-se na Liga a 14 de dezembro de 2003, entrando aos 90+2 para o lugar de Mauro. Dois meses depois, a 8 de fevereiro de 2004, é titular pela primeira vez. Na Luz e frente ao Benfica. E aos 90’ apanha o primeiro cartão amarelo como sénior. Dois anos mais tarde, a 5 de fevereiro de 2006, marca o primeiro golo, num remate de meia-distância, após assistência de Djurdjevic. As vítimas são o guarda-redes Nilson e o V. Guimarães.

Em 2008, após cinco épocas no Restelo, torna-se na primeira contratação de Rui Costa, enquanto diretor desportivo do Benfica. Estreia-se a 24 de agosto, na Luz, perante o Rio Ave. E logo como titular, ao lado de Quim, Maxi Pereira, Katsouranis, Luisão, Léo, Yebda, Aimar, Carlos Martins, Urreta e Cardozo. Sai ao intervalo para entrar Nuno Gomes. Três meses mais tarde, a 23 de novembro, surge o primeiro golo. As vítimas são o guarda-redes Peskovic e a Académica. Em Coimbra.

No Benfica, por fim, começa a ganhar troféus uns atrás dos outros, logo desde 2009. Taças da Liga, só no Benfica, seriam cinco, no total. Mais três campeonatos, uma Taça de Portugal e uma Supertaça.

Em maio de 2010, na sequência de uma lesão de Nani, é chamado por Carlos Queiroz para a fase final do Mundial da África do Sul. E estreia-se logo no primeiro jogo de Portugal, frente à Costa do Marfim, entrando aos 85’ para o lugar de Raul Meireles. É internacional A!

Dois anos depois, em janeiro de 2012, renova pelo Benfica e vai para o SC Braga por empréstimo de ano e meio, após ter sido colocado a treinar-se à parte, na sequência de um desentendimento com Jorge Jesus. No Minho ganha mais uma Taça da Liga. Ao lado, entre outros, de Hugo Viana.

Regressa ao Benfica em 2013/14 e volta a ser campeão nacional. Na segunda jornada de 2014/15, porém, sofre grave lesão no Estádio do Bessa: rotura total do ligamento cruzado do joelho direito. Só voltaria a jogar em fevereiro de 2015.

Após este terceiro campeonato nacional, decide arriscar e, por empréstimo do Benfica, vai um ano jogar no Catar: Al-Wakrah. Faz 14 jogos e marca dois golos. A 9 de abril de 2016, frente ao Al Kharaitiyat, realiza o último jogo. É expulso aos 49 minutos. A 4 de abril de 2017, com apenas 32 anos, divulga um comunicado: «Gostaria de vos informar que, após rescisão do contrato laboral que me vinculava ao Sport Lisboa e Benfica, decidi terminar a minha carreira desportiva como jogador. Foi uma decisão difícil, mas ponderada».

Seguir-se-ia, pouco depois, a impactante passagem para treinador.