O Benfica corre o risco de entrar em incumprimento das regras financeiras impostas pela UEFA. De acordo com um estudo de João Duarte, professor da Nova SBE, que traça um retrato do panorama económico-financeiro dos encarnados, tal pode verificar-se já no final da próxima temporada. Recorde-se que os novos regulamentos limitam os gastos com salários, transferências e taxas de empresários a 70% das receitas dos clubes.

Perante vários cenários traçados, alguns mais otimistas e outros mais pessimistas, as águias correm sérios riscos de entrar em incumprimento, pelo que se defende que é urgente uma "mudança na gestão do clube". Na projeção base e na eventualidade do Benfica não entrar na Liga dos Campeões, "entrará em incumprimento ao final da época 2025/26; Na projeção otimista entrará em incumprimento no final da época 2026/27", foi explicado numa sessão pública realizada numa unidade hoteleira da capital protuguesa, que teve na plateia Marco Galinha, possível candidato à presidência das águias, que integrou o grupo de adeptos que solicitou o Raio-x às contas do clube.

João Duarte apresentou o estudo que realizou juntamente com Adrian da Hora Filho e onde fica demonstrado, pelos dados que recolheu, que o Benfica teve um prejuízo líquido acumulado de 80 milhões de euros nos últimos quatro anos. Além disso, desde que Rui Costa assumiu a liderança dos encarnados, o passivo tem aumentado de forma substancial e já está próximo dos 500 milhões de euros. 

Os valores negativos registados pela SAD encarnada tiveram de ser financiadas com empréstimos, o que fez a dívida líquida "aumentar 100 milhões de euros em quatro anos". Na leitura de João Duarte, estes resultados estão muito relacionados com o aumento da despesa operacional, sobretudo nos gastos com o pessoal e nos fornecimentos e serviços externos, que o professor universitário não encontrou detalhados.

Os gastos com o pessoal passaram dos 77 milhões de euros por anos, para os 113 milhões de euros com a gestão de Rui Costa. Também desde a liderança de Vieira até ao último relatório e contas os gastos com serviços e fornecimentos externos cresceram para os 79 milhões de euros por ano.

Um dos dados mais relevantes para João Duarte prende-se com o facto de o Benfica acabar por receber uma verba muito baixa com a transferência de jogadores. A margem é inferior aos valores alcançados pelos rivais FC Porto e Sporting. Nos últimos três anos, por exemplo, dos 65 milhões anuais que as águias deveriam receber - entre vendas e compras -, os cofres do Benfica só encaixaram 10 milhões de euros.

Os autores do estudos referem que, por cada um euro ganho entre compras e vendas, as águias só recebem 15 cêntimos, o FC Porto 28 cêntimos, enquanto o Sporting é quem consegue uma margem maior: Encaixa 84 cêntimos. Os custos de intermediação, os mecanismos de solidariedade, os compromissos com terceiros e o facto de os passes nem sempre serem 100 por cento detidos pelo clube [aconteceu com Enzo, por exemplo] ajudam a explicar estes valores, segundo o autor do estudo.