O futebol está cheio de histórias de heróis improváveis. Desta feita, esse papel foi de Gustavo Mendonça que, lançado ao intervalo, marcou o golo do empate do Aves SAD contra o Sporting, nos descontos. O médio explicou o lance que culminou no 2-2 e as sensações que teve durante a segunda parte do jogo.

«A minha principal função era ajudar a equipa na pressão e ajustar os posicionamentos defensivos. O mister preferiu colocar um terceiro homem no meio-campo e retirar um avançado, o Gerson. Conseguimos pressionar mais o Sporting e ganhámos o controlo do jogo. Portanto, foi uma boa decisão do mister», começou por dizer, em conversa com A BOLA.

«Começámos a acreditar e fomos sem medo para cima do Sporting. Ganhámos um penálti, houve a expulsão e acreditámos mais do que nunca. O golo? Normalmente fico sempre naquela zona, o mister reconhece a minha facilidade de remate exterior. A bola veio bola para rematar de primeira e fui feliz», prosseguiu.

Depois da estreia a marcar na liga, o telemóvel de Gustavo Mendonça inundou-se de mensagens.

«Recebi muitas, muitas mensagens. O que mais me deixou orgulhoso foi receber mensagens de pessoas com as quais não tinha grande contacto e que se lembraram de mim. É especial ser reconhecido e receber mensagens de força», partilhou.

O internacional jovem português teve, de resto, um percurso peculiar até chegar ao escalão máximo do futebol nacional. Após sete anos no Benfica, clube no qual concluiu a formação, o médio foi jogar para o Canelas, da Liga 3.

«Muita gente fez cara feia e desmereceu o meu trabalho. Houve quem dissesse que não passaria daquilo. Dei a volta por cima e estou a dar a entender que muitas pessoas estavam enganadas. Tenho a certeza que não vou parar por aqui», disse.

Gustavo Mendonça acaba por involuntariamente ser um exemplo de perseverança na luta pelo sonho de jogar na Liga.

«Os miúdos nunca devem deixar de acreditar joguem ou não nunca clube grande. As oportunidades vão sempre surgir. Os miúdos que fazem formação nunca clube grande têm de ter noção de quem nem todos vão lá chegar. Uma saída ou dispensa não é o fim do mundo. Nem todos fazem o mesmo percurso. O futebol não se resume a jogar num grande e é preciso ter mente aberta porque há vários caminhos. Nunca devemos deixar de acreditar em nós. Com trabalho e humildade, é possível. Esta é a mensagem principal», sublinhou.

Com a permanência do Aves SAD na Liga no horizonte, o jogador de 21 anos não esconde os objetivos pessoais que tem para o que resta da época.

«Ainda não tive uma afirmação nem fiz uma sequência de jogos a titular. Quero conquistar o meu espaço, ser titular e ter uma boa sequência de jogos. Depois logo se vê», finalizou.