O presidente da SAD do Boavista, Fary Faye, retirou esta sexta-feira a candidatura à liderança do clube da Primeira Liga, cujas eleições deverão ser disputadas por Filipe Miranda e Rui Garrido Pereira em janeiro de 2025.

"Foi uma decisão cuidadosamente ponderada, tomada com base nas promessas apresentadas pelas outras candidaturas, que asseguraram possuir soluções financeiras concretas e imediatas para enfrentar os desafios financeiros que o clube atravessa. Espero que estas promessas sejam cumpridas e que o futuro do Boavista seja tão próspero quanto todos ambicionamos", explicou o ex-futebolista senegalês, numa mensagem publicada no sítio oficial da candidatura.

Fary tinha apoio de Valentim Loureiro

Em 4 de dezembro, já depois de Filipe Miranda e Rui Garrido Pereira oficializarem os respetivos projetos eleitorais, Fary entrou na corrida aos órgãos sociais do emblema do Bessa, sob o lema "Boavista com Futuro", tendo como primeiro subscritor da sua lista Valentim Loureiro, antigo presidente (1978-1997) e atual líder honorário das 'panteras'.

"Foi com profundo respeito e amor pela nossa instituição centenária que decidi apresentar-me como candidato à direção do Boavista. Com a mesma atitude desprendida e o espírito de missão com que avancei, e após as recentes reuniões promovidas pelo Conselho Geral, tomo agora a decisão de retirar a minha candidatura à presidência", acrescentou.

Reiterando que o foco está sempre no "trabalho e amor incondicional" pelo Boavista, Fary, de 49 anos, agradeceu às pessoas que estiveram na origem da sua candidatura, confiando que elas "desempenharão um papel central e determinante no futuro do clube".

"Direcionarei integralmente a minha atenção para a presidência na SAD, na qual temos pela frente desafios significativos e determinantes. É nesse contexto que concentrarei todas as energias, com o compromisso de continuar a contribuir para a sustentabilidade e o crescimento da SAD", terminou o ex-avançado do Boavista (2003-2008 e 2012-2015).

"Confrontámo-nos com pressões"

Em simultâneo com a mensagem de Fary, a candidatura "Boavista com Futuro" admitiu em comunicado que "as diversas movimentações do Conselho Geral proporcionaram um contexto de progressivo afastamento e desvirtuamento da dinâmica do único movimento que, até à data, se constituiu como uma verdadeira equipa e apresentou um programa".

"Fomos, entretanto, surpreendidos por vários acontecimentos. Confrontámo-nos com pressões de diversa índole, algumas de cariz inaceitável, para que o presidente da SAD e candidato à presidência do clube se afastasse do processo eleitoral, cedendo perante candidaturas assentes em vagas promessas de milagrosa salvação financeira, cujos contornos estão longe de ser claros, e despertam, aliás, negras memórias", observou.

Fary, de 49 anos, passou a exercer cargos diretivos na estrutura 'axadrezada' há nove anos, sendo que, em maio, rendeu na presidência da SAD, responsável pela gestão do futebol profissional das 'panteras', o advogado Vítor Murta, que está de saída da liderança do clube ao fim de seis anos e tem agora dois candidatos à sua sucessão.

Luta pela liderança passa a ser a dois

Em setembro, o gestor Filipe Miranda, antigo guarda-redes e capitão e atual diretor desportivo do futsal do Boavista, declarou essa intenção rumo ao triénio 2025-2027, enquanto o advogado Rui Garrido Pereira revelou a sua candidatura dois meses depois.

"Quanto a nós, este lamentável contexto coloca novamente o Boavista em sério risco. Mais uma vez, movimentos de bastidores foram capazes de se suplantar a um movimento orgânico, apaixonado e com ideias, animado unicamente por uma missão: construir um futuro para o clube, passando-o às gerações vindouras em melhores condições do que aquelas que hoje nos afetam", terminou a lista de Fary.

As eleições do Boavista, 16.º e antepenúltimo classificado da Primeira Liga, vão decorrer até 15 de janeiro, mas a data só será agendada pela Mesa da Assembleia Geral (MAG) quando estiveram cumpridos vários formalismos previstos nos estatutos do clube, incluindo a tentativa por parte do Conselho Geral, órgão consultivo, de elaborar uma lista única junto dos candidatos à presidência, passo para o qual será indispensável o consentimento por escrito de todos.


Com LUSA