Mesmo querendo colocar o foco totalmente nos interesses da equipa, Carlos Carvalhal não escondeu, na antevisão a esta partida, que sentia «orgulho» por estar a um (pequeno) passo de tornar-se o treinador com mais vitórias da história do SC Braga. Faltava-lhe (apenas) um triunfo para ultrapassar o não menos icónico Manuel Cajuda. E porque não deve guardar-se para amanhã o que pode fazer-se hoje, o técnico colocou a equipa a jogar à SC Braga e na primeira parte os minhotos apresentaram-se em versão rolo compressor: 45 minutos do melhor que se viu nesta temporada.

Em final de tarde agradável, a excelência do aperitivo para o jantar chegou logo aos 5 minutos, quando Afonso Patrão, depois de pressionar Aderllan Santos e ficar na posse do esférico, galgou metros pela meia direita e, já na área, assistiu o mítico Ricardo Horta para a primeira grande explosão de alegria na Pedreira. E para que Carvalhal subisse ao trono da imortalidade, nada melhor do que um golo da maior lenda viva do clube – o capitão é o recordista de jogos e o melhor marcador da história centenária dos bracarenses. Parecia que estava tudo escrito nas estrelas…

No minuto seguinte, Zé Luís ainda tentou uma ameaça, mas Lukas Hornicek, atento, foi ao relvado e anulou o lance. Os bracarenses continuavam donos e senhores do jogo e Gorby tentou de ressaca. Mas era uma questão de (pouco) tempo até que o marcador voltasse a funcionar: Ismael Gharbi cobrou o livre e Uros Racic cabeceou de forma fulminante para o 2-0.

Sem (nunca) tirarem o pé do acelerador, os guerreiros aumentaram a contenda pouco depois, com uma jogada digna de pontificar nos melhores livros do futebol: Rodrigo Zalazar recuperou a bola no setor intermédio, endossou-a a Ricardo Horta, o capitão chamou Víctor Gómez à direita, o lateral assistiu Ismael Gharbi e este ofereceu o remate certeiro a Racic. Que quadro de alto quilate!

E nem o tento de Rafael Rodrigues – o ala esquerdo desviou de forma oportuna ao segundo poste, após cabeceamento de Zé Luís na sequência de um cruzamento de John Mercado -, em cima do intervalo arrefeceu os ânimos da plateia. A margem dos minhotos era confortável e os adeptos estavam a gostar (muito) do que viam.

Com os três pontos no bolso, o SC Braga foi uma equipa adulta e continuou a forçar a barra sem nunca se desproteger defensivamente. Também por isso, o Aves SAD (quinta derrota consecutiva) pouco ou nada incomodou. À imagem, de resto, do que havia acontecido na primeira metade, exceção feita ao lance do golo do conjunto de Rui Ferreira.

Previa-se que a vantagem vermelha aumentasse ainda mais, mas Francisco Chissumba, Afonso Patrão, Gabri Martínez e Diego Rodrigues não foram felizes. Já nos descontos, El Ouazzani teve cabeça para corresponder ao cruzamento perfeito de Diego Rodrigues e consumou a goleada.

Os minhotos voltaram ao pódio, deixando o FC Porto para trás, e conseguiram-no juntando o melhor de dois mundos: com nota artística e a elevarem Carlos Carvalhal à glória eterna.