Os antigos administradores do FC Porto gastaram 3,6 milhões de euros, entre 2014/15 e 2023/24, em despesas de representação “que não são elegíveis em consonância com o regulamento interno, evidenciando um encargo significativo de custos adicionais”.

Idas a joalharias e relojarias, viagens privadas para destinos não relacionados com as atividades do clube, almoços e jantares “profissionais” sem justificação e uso de vários veículos do trabalho para uso familiar são alguns dos exemplos.

Os dados foram revelados esta quarta-feira pelo FC Porto, que finalizou o projeto de auditoria forense encetado com a consultora Deloitte - um projeto eleitoral do presidente André Villas-Boas.

“Foram identificadas diversas irregularidades de processo, como a ausência de procedimentos para a aprovação e verificação das despesas, bem como a falta de documentação de suporte que comprove a sua natureza", lê-se num documento com as sínteses das conclusões da auditoria.

No total, o projeto identificou “5.120 despesas sem qualquer evidência de registo na plataforma de gestão interna, totalizando 512 mil euros”. Um número que representa mais de metade (62%) das despesas.

As 10 temporadas investigadas pela Deloitte reportam ao período em que Pinto da Costa liderou o clube e a SAD, cargos que deixou de exercer em 2024 ao fim de 42 e 27 anos depois, respetivamente, após ter sido derrotado por André Villas-Boas nas eleições mais participadas da história portista, com o antigo treinador a prometer uma auditoria forense.

FC Porto pagou viagens a membros e familiares dos Super Dragões

A auditoria também revelou irregularidades que envolvem os Super Dragões, como o "pagamento de viagens pessoais a membros e familiares da direção dos Super Dragões", para destinos como “Cuba, Cancun, Maldivas, Brasil, Tanzânia, Ibiza ou Sardenha”.

No total, foram 1.45 milhões de euros em “despesas indevidas (faturas não elegíveis à luz dos Protocolos)”.

Além disso, os processos de venda de bilhetes à Associação dos Super Dragões e às Casas FC Porto resultaram “numa perda total estimada de 5,1M€”.