O ex-velejador olímpico José Costa sugeriu esta quarta-feira a criação de um gabinete de apoio à integração profissional de atletas ainda no ativo, para que estes não percam as competências adquiridas no percurso académico.

No final da apresentação do estudo "Transição de carreira, situação perante o emprego e mercado de trabalho", da Escola Superior de Desporto de Rio Maior do Instituto Politécnico de Santarém, José Costa lembrou que "entre a conclusão de um percurso académico e a entrada no mercado de trabalho, depois de ser atleta, podem passar vários anos".

"Essa passagem de anos desatualiza e faz com que os ganhos das competências que o atleta adquiriu na sua formação académica se percam. Nesse gabinete teria que haver uma correlação entre as instituições, ou algumas instituições, que pudessem empregar ou permitir o estágio de atletas a pessoas que são atletas ainda no ativo, mas que já têm um grau académico ou umas competências profissionais que seja necessária a atualização, para o desenvolvimento ou a não perda dessas mesmas competências, que foram ganhas após anos de estudo ou de formação", explicou.

De acordo com o antigo velejador, esses atletas, que ainda não se podem totalmente à parte profissional, "iriam pontualmente, tão pontualmente quanto a vida de atleta de alta competição lhes permitisse, continuar a ter alguma conexão com essa área, de modo a não perder as competências que levaram eventualmente anos a serem adquiridas".

"Do ponto de vista da execução, não é difícil. Do ponto de vista da criação desse gabinete e das mentalidades, também não é difícil. Acho que esse projeto, ou essa ideia [de alinhar várias instituições], embora já esteja regulamentado do ponto de vista das leis, até haver a sua clara execução, alinhar todas estas instituições, é muito mais moroso e difícil do que implementar este 'middle step', este intermédio entre competências já adquiridas, instituições que já lá estão, e a criação de um gabinete que sirva de ponte para que os atletas não percam essas competências durante o período que ainda estão no ativo até entrar na vida civil", referiu.

José Costa tirou uma licenciatura na área da saúde, mas nunca exerceu, acabando depois por tirar um mestrado em desporto, que lhe permitiu passar da vida de atleta para a de treinador, atualmente ao serviço da seleção espanhola de vela.

"Essa minha transição foi tranquila, foi de consciência. A única coisa que não foi pensada foi estar a trabalhar para o país vizinho. Eu sempre verbalizei, sempre mostrei vontade de trabalhar para o meu próprio país. Infelizmente não se proporcionou, mas tirando esse pequeno detalhe, o resto foi tudo tal e qual como eu sempre de coração imaginei", disse José Costa, sétimo classificado em 49er nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, ao lado de Jorge Lima.