
Um campeão não falha nos momentos decisivos e é precisamente por isso que este Benfica não podia ser o de 2024/25. Em Braga, a precisar do melhor resultado possível, as águias não foram além de um empate (1-1) que foi arrancado mais pela resiliência de um ou outro, do que propriamente por um futebol que merecia marchar sobre o Marquês.
Não era preciso os deuses estarem loucos para que pudesse haver uma mudança de líder no campeonato, na última jornada, mas a probabilidade de isso acontecer é tão diminuta em Portugal que só sucedeu uma vez em 90 anos de história. Era no futebol e nos seus milagres que os benfiquistas acreditavam e o jogo em Braga foi, praticamente, todo ele um ato de fé.
Trocando Aursnes (lesionado) por Barreiro e Di María por Schjelderup, o Benfica teve duas ocasiões flagrantes de golo. Era cedo no jogo e na jornada, os encarnados podiam passar ali, nem que fosse por instantes, para a frente da Liga, mas também ali Barreiro e Pavlidis atiraram para fora essa possibilidade.
Depois, o Benfica tropeçou. Como sucedera em tantas vezes que podia ter agarrado o destino nesta Liga, uma delas, precisamente, frente ao SC Braga, na Luz, no final da primeira volta. O lance de Araújo e Horta é quase exemplar da temporada. Como se houvesse sempre alguma coisa que puxasse esta equipa para trás neste campeonato. E, neste caso, um lance insólito, um acidente entre os dois jogadores, mas que levou Zalazar para a marca de penálti, pois o responsável da colisão fora o benfiquista. Aí, nesse momento, o Benfica ficou perdido.
Florentino recuperava bolas e mais bolas, mas seria Trubin quem sairia como figura do primeiro tempo. Se o Benfica ainda tinha fé, era pelas defesas que o ucraniano conseguira na compensação da primeira parte.
Ao intervalo, e com 0-0 em Alvalade, havia mais fé do que futebol do lado lisboeta na Pedreira e com Lage a mexer na equipa depois de uma hora de um futebol que praticamente não meteu em perigo os minhotos, Trubin ainda teve de negar o 2-0 a Zalazar. Era preciso agir. Já era antes, mas com aquele lance, tornou-se urgente.
Ora, Di María entrou. Tal como Bruma e Belotti. Ficou por lá Pavlidis, que numa combinação com o argentino empatou para os da Luz. O grego voltou a ser uma raridade futebolística numa equipa encarnada que precisava do melhor de todos, mas que só teve o melhor de Trubin e do ponta de lança.
A partir do 1-1, a fé aumentou, mas só essa. Porque nem com a expulsão de João Moutinho, o Benfica conseguiu sobrepor-se ao SC Braga. Houve perigo nas duas balizas, mas só uma das equipas tinha um jogador a mais . Curiosamente, a que tinha mesmo de ganhar, para, pelo menos, não perder a fé. Trubin ainda evitou a derrota, com o Benfica a tentar com a emoção, o que não conseguira com jogo inteligente e estratégico para ganhar o encontro a um SC Braga que, diga-se, podia perfeitamente ter vencido o duelo, partido por essa altura, jogado em transições.
É certo que de nada valeria um triunfo lisboeta, mas o insucesso não é igual para todos. O modo como se perde diz muito do que se foi. No desporto, para se derrubar um campeão, é preciso ser melhor do que ele. O Benfica podia, pelo menos, ser igual e fazer dos mesmos 82 pontos argumento para adeptos. Nem isso conseguiu, acabou a dois do eterno rival e vai tentar sararferidas no Jamor.