
Aos 20 anos, Mateus Fernandes vive a primeira aventura no estrangeiro, numa época de estreia na Premier League em que se consolidou como titular do Southampton, mas não conseguiu evitar a descida de divisão. Esta segunda-feira, em entrevista ao podcast 'Entrelinhas', conduzido por Afonso Figueiredo, o médio internacional sub-21 português abordou a ainda curta carreira com o antigo lateral, destacando vários momentos e por diversos clubes.
Desde logo, na conversa com Afonso Figueiredo, Mateus recordou os tempos no Sporting, nomeadamente a aprendizagem que teve sob a batuta de Ruben Amorim, dando o exemplo do período em que esteve emprestado pelo clube de Alvalade ao Estoril.
"O míster Álvaro [Pacheco] tem uma maneira de treinar muito diferente da do míster Ruben Amorim. Não sei se é melhor ou pior. É diferente. Com o míster Álvaro, os treinos dele duram 30/40 minutos. E estava habituado ao míster Ruben de ser muito detalhado, de um treino se calhar de duas horas e de ir mesmo ao pormenor. Chego ao Estoril, habituei-me ao ambiente e depois chega o míster Vasco Seabra e tive o cuidado de ir ver que jogadores ele tinha treinado na minha posição. Ele foi a pessoa mais importante nesse ano para mim", explicou o médio de 20 anos, dando o exemplo do empréstimo de Eduardo Quaresma a Tondela.
"Pensei 'se não jogo no Estoril, como vou jogar no Sporting?'. O meu objetivo sempre foi voltar ao Sporting para jogar. Lembro-me de uma conversa do míster Ruben para o [Eduardo] Quaresma, quando ele veio do Tondela, que ele disse assim 'se não jogas no Tondela, como é que queres jogar no Sporting?' Isso ficou-me na cabeça até hoje. Até sei onde foi, onde o Quaresma estava, onde o míster estava. E pensei isso. Comecei por ganhar ritmo, andamento, confiança e um jogador assim vai para além das suas expectativas. Um jogador começa a ganhar o gosto por aquilo que faz. E correu tudo muito bem", apontou o agora camisola 18 do Southampton, o qual traçou ainda as diferenças que sentiu entre o futebol português e inglês.
"Sinto que em Portugal se tenta criar uma distância entre o jogador e adepto. Por vários motivos e não sei se é o correto. E em Inglaterra temos a situação de que metemos o carro num sítio fora do estádio, temos um passeio onde estão os adeptos e somos quase obrigados a estar com eles, assinar, tirar umas fotos, estar com os adeptos, porque isso é importante. O futebol vive dos adeptos, porque se não houver adeptos o futebol perde a sua graça. É importante os adeptos saberem que os jogadores importam-se com eles", assumiu Mateus.
Além disso, numa época em que soma três golos e cinco assistências em 36 partidas pelos saints, Mateus apontou o ambiente que o marcou mais na temporada de estreia na Premier League. "Ambiente mais especial em Inglaterra? Arsenal. Gostei muito do estádio, é gigante, o ambiente fora do estádio conta com muitas pessoas. Aquela parte de Londres pára totalmente, só vês vermelho e branco e acho que foi esse. O do City não é mau, mas não foi aquilo que esperava. Na Premier League são estádios com mais emoção", concluiu, no podcast 'Entrelinhas'.