
"Luto diariamente para que o futebol de mesa tenha mais visibilidade a nível nacional e que em breve seja modalidade profissional". É desta forma que a jogadora de 34 anos (feitos hoje mesmo, dia 8 de abril), Ângela Costa, fala ao jornal Record, a menos de um mês do Campeonato do Mundo Bonzini que se realiza em Paris (França), de 8 a 11 de maio, onde vai tentar revalidar o título conquistado em 2024.
Com 15 anos ligada à modalidade, a atleta natural da Covilhã, refere que não descansa enquanto isso não acontecer. "Tem sido uma luta que todos os atletas têm feito ao longo destes últimos anos, para que se concretize algo e para que a própria federação, tal como acontece no futebol, por exemplo, seja levada a sério e não apenas considerada como sendo um jogo de café", afirma.
Ângela Costa joga no Ns Sports by NumerSpiral da Covilhã, clube filiado na Associação de Matraquilhos e Futebol de Mesa do Distrito de Castelo Branco (sede na Covilhã), e atleta federada na PTSF (Portugal Table Soccer Federation - Federação Portuguesa de Futebol de Mesa), onde já conquistou ao longo da sua carreira desportiva mais de 100 títulos, a nível local, regional, nacional e internacional, em diferentes competições.
De resto, o atual presidente da AMFMCB e PTSF, António Garra, garante: "A Ângela Costa é diferente e um caso à parte na modalidade na região e país. Ela é muito competitiva, que deseja ganhar todas as provas em que participa, inclusive também, nas provas destinadas apenas aos homens. Ela quer estar e mostrar que está ao nível dos melhores homens, na prática da modalidade. A Ângela tem sido uma enorme alavanca para o desenvolvimento da modalidade, na região e no país."
Antes de abordar o tema campeonato do mundo 2025, a jogadora serrana, reafirma: "Espero muito sinceramente que a mentalidade das pessoas mude em Portugal em relação a esta modalidade, que é muito interessante para todas as idades. Penso que toda a gente gosta deste desporto e penso que, com estes títulos conquistados foram como uma porta que se abriu para esta modalidade se tornar um desporto a sério."
"Trabalho todos os dias e muitas horas, para que isso aconteça, para que se torne uma modalidade mais credível. Penso que está em crescendo no país e na região, mas é preciso mais apoio, inclusivamente financeiro, até porque, no mínimo, a minha deslocação vai custar mil euros e a federação não tem dinheiro para tudo. As entidades oficiais, tal como os empresários, deveriam apoiar mais, para poder haver, também, mais investimento na modalidade, mais formação e aquisição de diferentes mesas de jogo, por exemplo", registou.
Atual campeã nacional e mundial de Futebol de Mesa, considerada como embaixadora da modalidade na região e país, a atleta covilhanense vai tentar revalidar o título internacional no próximo campeonato em França.
"Este título conquistado em 2024 é um peso acrescido para mim, sobretudo por representar Portugal numa competição mundial. É um sentimento único, um orgulho enorme e com responsabilidade acrescida e estou a preparar-me bem, da melhor maneira possível, para tentar revalidar o título. Não vai ser fácil, mas tudo vou fazer, para que isso aconteça", acrescentou.
O Campeonato do Mundo de Futebol de Mesa realiza-se em Paris de 8 a 11 de maio de 2025. Ângela Costa, para além de jogar futebol de mesa, é mãe de duas filhas e trabalha por turnos num lar de idosos. "É verdade que gosto muito daquilo que faço em termos desportivos, mas também, acontece a nível profissional, mas não tem sido fácil conciliar tudo isso. O apoio da família, principalmente do meu marido Bruno Garra, tem sido fundamental. Com os resultados que tenho alcançado, quer a nível familiar, quer no emprego, todos ficam contentes, incentivam-me e motivam-me diariamente, para fazer mais e melhor. São, de facto, muito importantes, na minha vida, profissional e pessoal. Tem sido realmente muito gratificante para mim, tudo isto", destaca.
Este ano, Ângela Costa vai ainda participar de 22 a 26 de maio na Gold Final, juntamente com os restantes 11 melhores atletas do mundo, em Dallas, nos Estados Unidos da América (a viagem custa mais de 3 mileuros), enquanto a 31 de maio, estará presente na iniciativa do Record Challenge Park. Em junho, de 23 a 29, a jogadora covilhanense irá também representar a Seleção Nacional Portuguesa de Futebol de Mesa, com mais 18 atletas do país, no Campeonato do Mundo em Saragoça, Espanha.