A certa altura da final do WTA 250 de Auckland, tudo corria bem para Naomi Osaka. A japonesa, de 27 anos, estava a jogar bem, dominando o duelo contra a talentosa dinamarquesa Clara Tauson. Venceu o primeiro set por 6-4, aproximando-se da quinta vitória consecutiva na Nova Zelândia e do triunfo na competição.

Seria o primeiro título para Osaka desde fevereiro de 2021, quando conquistou o Open da Austrália. Na sua primeira final desde abril de 2022, a antiga líder do ranking WTA estava dominante, inspirada, precisa.

O fim do jejum de quatro anos sem títulos parecia próximo. Seria a primeira conquista desde que, em maio de 2021, se retirou de Roland-Garros para cuidar da saúde mental, a primeira desde a onda de lesões que a afetou em 2022. A primeira desde que, em julho de 2023, foi mãe.

Mas o corpo não a deixou. Osaka sofreu uma lesão abdominal. Ainda recebeu assistência no court, mas não conseguiu continuar. Houve lágrimas, a toalha colocada a tapar a cara, escondendo-a do mundo. Mas houve, também, alguma resignação e, ainda, a consciência de que, neste arranque de 2025, deixou bons sinais para o futuro.

O troféu iria para Tauson, dinamarquesa que, quando apareceu, era vista como um grande talento, mas não tem correspondido às expetativas. Chegou ao terceiro título WTA da carreira, admitindo que aquela “não é a forma em que se quer” conquistar uma final.

Tauson, Osaka e o troféu
Tauson, Osaka e o troféu Hannah Peters

Na sua busca contínua pela liberdade, Osaka, que colocou a saúde mental na agenda do desporto ainda antes de Simone Biles e parou para ser mãe com 26 anos, uma decisão pouco comum entre atletas de elite, esteve à beira de um marco na luta por regressar ao convívio entre as melhores da modalidade. Não venceu, mas agradeceu a Auckland pelo “caloroso acolhimento”.

A mãe de Shai, que já tem quase ano e meio de vida, luta por reencontrar a melhor versão tenística de si mesma. A Osaka que dominava, que ganhou quatro majors — dois na Austrália, dois nos EUA — entre 2018 e 2021, num total de sete títulos WTA. A filha de um haitiano e de uma japones que foi criada na Flórida é, atualmente, 57.ª da hierarquia mundial.

A japonesa sempre admitiu as dificuldades inerentes ao “segundo capítulo” da sua carreira, a esta segunda versão, já como mãe, também após assumir os episódios depressivos que viveu desde o US Open 2018. Também, claro, na sequência de diversos problemas físicos.

Em 2024, no comeback após o nascimento de Shai, Osaka nunca conseguiu vencer mais do que três encontros consecutivos. As suas melhores prestações foram os quartos de final em Doha e os oitavos de final em Pequim e em Roma.

Naomi não estava, sequer, numas meias-finais desde abril de 2022. A dor de Auckland levou-a às lágrimas, mas talvez deva haver algum otimismo na forma como 2025 arrancou. A participação no Open da Austrália, que começa a 12 de janeiro, está, para já, em dúvida, à espera da evolução do problema abdominal.