O Nottingham Forest, liderado por Nuno Espírito Santo, deslumbra em Inglaterra e está bem encaminhado para disputar a Liga dos Campeões na próxima época.

Caro leitor, se lhe disser que o Nottingham Forest já foi bicampeão europeu, acredita? Provavelmente sim, mas ficará espantado com tal afirmação. Foi já no final dos anos 70 que o clube inglês, comandado pelo lendário Brian Clough, venceu duas Taças dos Clubes Campeões Europeus consecutivas. Era algo comum nesses tempos clubes de menor dimensão conquistarem a principal prova de clubes da UEFA, já que os participantes eram somente os campeões de cada país.

Além do Forest, também Estrela Vermelha, Steaua Bucareste, Aston Villa, entre outros, inscreveram os seus nomes na famosa “orelhuda”. Com a entrada em cena da Liga dos Campeões (e dos milhões), ficou mais difícil, senão mesmo impossível para os mais pequenos levarem para casa o troféu mais apetecido do Velho Continente.

O Nottingham Forest teve apenas três participações na Taça dos Campeões Europeus, entre 1978 e 1981. Passados 44 anos, o mítico emblema inglês pode estar muito perto de voltar a estar entre os grandes da Europa, e estrear-se, finalmente, na liga milionária. Ocupa atualmente o terceiro lugar da Premier League, com cinco pontos de vantagem sobre o Chelsea, quarto classificado, e está a quatro do segundo, o Arsenal.

Com o título praticamente entregue ao Liverpool, muito dificilmente repetirá o feito de 1978, quando conquistou o único campeonato da sua história, mas ainda sonha terminar a liga inglesa como vice-campeão, o que já seria uma marca assinalável nos tempos que correm. Na Taça de Inglaterra já se vislumbra Wembley no horizonte, mas primeiro é preciso ultrapassar o Brighton nos quartos de final da competição.

E a fantástica temporada que os “tricky trees” estão a realizar tem o dedo de um português. Nuno Espírito Santo está de regresso ao futebol britânico e dirige a equipa sensação de Inglaterra pela segunda época consecutiva, depois de uma curta experiência na Arábia Saudita, onde foi campeão com o Al Ittihad.

O treinador de 51 anos é um dos homens do momento em Terras de Sua Majestade, e elogios não lhe têm faltado. Mesmo sem grandes estrelas, conseguiu montar uma equipa bastante coesa e competitiva, que pratica bom futebol e tem feito resultados surpreendentes. Destaque para os triunfos fora de portas frente ao Manchester United e Liverpool, e mais recentemente a vitória caseira diante do Manchester City.

O Nottingham Forest vive mais do colectivo do que de individualidades, mas como em quase todos os conjuntos há sempre aquele jogador que se destaca dos demais. Chris Wood é um desses exemplos. O avançado neozelandês de 33 anos é o melhor marcador da equipa, com 18 golos, e o que tem mais jogos nas pernas, a par de Anthony Elanga. Gibbs-White e Hudson-Odoi são outras das unidades que também têm dado nas vistas com remates certeiros e assistências. Nota ainda para outro português.

Jota Silva trocou a cidade-berço por Nottingham no início desta temporada, naquela que é sua primeira aventura fora de Portugal. Embora não seja a primeira escolha de Nuno Espírito Santo, o antigo extremo do Vitória SC tem correspondido sempre que é chamado e até marcou um golo no último encontro.

Brian Clough só houve um, mas Nuno Espírito Santo está a despertar o gigante que o malogrado treinador britânico criou em 1975, quando assumiu o banco dos “reds”. O próximo adversário do Nottingham Forest para a liga inglesa é o Manchester United, de Ruben Amorim, e Nuno Espírito Santo vai querer repetir o filme do encontro da primeira volta. Antes, vai tentar garantir um lugar nas meias-finais da Taça da Inglaterra.

Garantir a presença na Liga dos Campeões e vencer a Taça de Inglaterra seria o culminar de uma época de sonho, mas, independentemente do que venha a acontecer, é inequívoco que o técnico português já deixou a sua marca no futebol inglês.