Tozé Marreco, treinador do Farense, analisou a derrota por 1-3 frente ao Sporting. Diz o técnico que a estratégia se baseava em ter a equipa «compacta» e fala daquilo que o Farense, penúltimo classificado, tem de fazer para lutar pela manutenção.
— O Farense jogou num terreno difícil, sem Marco Matias e com Poloni a extremo-esquerdo. Foi só opção?
— Está lesionado. Poloni foi uma opção. Conheço-o há 15 anos, era ala de raíz. Hoje, o treinador não foi tão bom, o Poloni não fez um grande jogo. Estávamos limitados no meio. Para a semana, já deverá ser melhor, vêm jogadores de lesão e do mercado.
— Como se trabalha com o balneário após seis derrotas consecutivas? Não é frustrante?
— Frustrante era ter zero pontos depois de seis jornadas. Tenho uma confiança inabalável de que as coisas vão correr bem. É sempre melhor trabalhar sobre pontos, sobre vitórias, e vamos atrás, não há muito mais a fazer. Sabemos o que é que se tem passado em alguns jogos, sabemos que as derrotas com o Gil Vicente e com o Rio Ave foram extremamente injustas. Resta-nos insistir, não há muito mais a fazer. A confiança dos rapazes tem de ser a mesma que a minha, que é de uma crença inabalável de que as coisas se vão resolver. Agora, com insistência no trabalho, sabendo que vai haver esses percalços. Tínhamos um ponto à sétima jornada e isso tem maior ênfase numa liga como esta. Portanto, sinto-os muito ligados, a acreditar, sabendo que vai ser duro. Quando começas com seis jornadas, zero pontos, não se vai resolver em dois ou três meses. É um caminho longo. E o caminho será até maio, não tenho dúvida disso, que não vai ser resolvido antes. Estou preocupado, infelizmente, parece que sou mais velho do que sou, porque isto dá-me cabo da cabeça e faz muitos cabelos brancos, mas uma confiança inabalável de que as coisas vão correr bem. A minha preocupação é, desde o primeiro dia, resolver problemas e vão resolver-se.
— Na antevisão dizia que a ambição era sair de Alvalade com pontos. Pergunto se, depois do primeiro golo em cima do intervalo, não sentiu que foi demasiado expectante?
— Temos de perceber que, com uma equipa como o Sporting, cada vez que a pressão é mal feita, eles vão matar-nos. Podíamos ter sido num ou noutro momento mais agressivos, mas o Sporting foi absolutamente eficaz nas ocasiões que criou. É a diferença entre as equipas muito boas e as boas. Eu não senti que o Sporting tivesse uma avalanche ofensiva para chegar ao intervalo com dois golos marcados. O objetivo não era defender à frente de área. O objetivo era sermos compactos, fechar o espaço interior de Trincão e Bragança, o jogo pelos corredores corredor do Geny e do Maxi Araujo, fechar muito bem o espaço interior e sair em transição com o Elves [Baldé], o Tomané e o Poloni. Deu a ideia de que fomos, se calhar, um bocado receosos, mas não era essa a intenção.
— Por que apostou no Zé Carlos? O Sporting jogou com Harder em vez de Gyokeres. O que é que muda ter de defender um e outro?
— Não tínhamos muitas opções para o meio-campo, tanto que o Bermejo teve de jogar no meio. Temos o Samuel [Justo] de fora, temos o Neto de fora, as opções do meio estavam limitadas. Se bem que a minha confiança no Zé é grande. Tivemos os registos de treino do Vitória, sabíamos as características que tem e, pessoalmente, acho que deu uma excelente resposta. As diferenças são grandes. Estamos a falar de um dos melhores da Europa a jogar na frente, é muito completo. Mas preparámos a semana a contar com Harder, sabendo que a definição do Gyokeres é ainda melhor que a do Harder. O nosso foco foi controlar o Sporting como um todo, sabendo que essas individualidades podem fazer a diferença.
— A nível tático, quais as alterações desde que chegou?
— O primeiro plano foi organizar a equipa defensivamente, porque éramos a pior defesa. Deixámos de o ser já há várias semanas. Conseguimos estabilizar a organização defensiva da equipa. Depois trabalhámos a organização ofensiva. Trabalhámos o ataque rápido, que já estava trabalhado. Tentámos insistir nisso e acrescentar mais alguma coisa. Acreditamos que este mercado trouxe aquilo que faltava em termos de opções ofensivas, porque o rendimento ofensivo era baixo. Era a realidade. Precisamos de muito mais do que o que estávamos a ter. Precisávamos de jogadores mais rápidos, agressivos, com capacidade no 1 para 1 e definição no último terço. Agora, temos de os inserir na equipa e insistir. Há muitos indicadores que nos dizem que as coisas estão a ser bem feitas em muitos momentos. Pode parecer estranho porque estamos em penúltimo. Somos a segunda pior equipa da Liga neste momento. Acredito muito no que estamos a fazer e acredito que o problema será resolvido até maio.
— O que falta para o Farense conseguir dar a volta?
— Falta pontuar. Faltam mais pontos, que vamos, com certeza, fazer. Somos o pior ataque da Liga, o que não se reflete nas oportunidades de golo que criámos. No jogo com o Gil, no jogo com o Rio Ave, criámos muito mais situações que não finalizámos. Falta-nos o último terço, onde não estamos a ser suficientemente competentes e fazermos os pontos que temos de fazer. Que são muitos. Acredito totalmente que os vamos fazer. Gostava de fazer a classificação desde a sétima jornada. Acredito que estivéssemos no 9.º, 10.º lugar. Precisávamos de acrescentar na parte ofensiva, acredito que vamos pontuar consecutivamente e sabemos que com quatro, seis pontos consecutivos, o campeonato fica diferente.