Dois norte-americanos tiveram consagração na Promenade des Anglais, a célebre alameda marginal do Mar Mediterrâneo em Nice, onde terminou este domingo, e todos os anos, por tradição, a Paris-Nice, que nesta edição pouco teve que justificasse a denominação de Corrida ao Sol.

Solarenga só mesmo esta etapa, a oitava e derradeira, que percorreu as elevações ao redor da cidade do sul de França e teve em destaque os norte-americanos Magnus Sheffield, que venceu a tirada, e Matteo Jorgenson, que não fez por menos e confirmou o domínio e a conquista da liderança da classificação geral com a segunda posição no derradeiro dia.  

Os compatriotas destacaram-se na penúltima subida (Col d'Éze), com o cume a 25 quilómetros da chegada, e bateram definitivamente a concorrência na ascensão final (Col des Quatre Chemins), a apenas oito quilómetros do risco, com o corredor da equipa britânica Ineos Grenadiers a impor-se, por 29 segundos, ao compatriota da formação neerlandesa Visma-Lease a Bike. 

«Nunca se pode desistir no ciclismo», disse Sheffield, que em 2023 esteve envolvido na queda na Volta à Suíça que vitimou mortalmente o suíço Gino Mäder.  

João Almeida terminou a Paris-Nice em quebra. Rapidamente isolado dos seus companheiros de equipa da UAE Emirates e, entre estes, sem contar com o apoio do norte-americano Brandon McNulty nesta etapa, devido a doença, o português não conseguiu manter-se no grupo dos favoritos nas derradeiras subidas, concluindo a etapa na 13.ª posição, a 1.40 minutos de Magnus Sheffield.  

Na classificação geral, Almeida, que venceu a quarta etapa, em La Loge des Gardes, batendo Jonas Vingegaard (que desistiu após a quinta etapa devido a queda) nos derradeiros metros da subida coincidente com a meta, baixou ao sexto lugar na geral final, superado pelo vencedor da etapa, e a 3.57 minutos de Matteo Jorgenson. O seu compatriota e colega de equipa Ivo Oliveira terminou a prova na 98.ª posição, a 1:15.24 horas do camisola amarela. 

Matteo Jorgenson tornou-se apenas o terceiro ciclista a repetir a vitória na Paris-Nice em edições seguidas este século, depois do cazaque Alexandre Vinokourov (2002 e 2003) e do alemão Maximilian Schachmann (2020 e 2021). O corredor, de 25 anos, deixou o alemão Florian Lipowitz (Red Bull-BORA-hansgrohe) na segunda posição a 1.15 minutos, e e o neerlandês Thymen Arensman (Ineos) a 1.58 m na terceira. O vencedor da etapa, Magnus Sheffield, subiu ao quarto lugar, a 2.17 do líder. 

«Estou a pensar nesta semana há quatro meses», afirmou Matteo Jorgenson, no discurso de consagração. «Esta vitória... é um alívio antes de mais, de muito stress. Sinto que estive a pensar nesta semana durante quatro meses, por isso é bom saber que dei tudo e que valeu a pena», reconheceu o norte-americano.

 «Honestamente, devo esta vitória à minha equipa, da qual tive muito apoio em todas as etapas, à exceção da de hoje, em que estive bastante isolado. Sabíamos que, sem o Jonas [Vingegaard] ficaria por minha conta nas montanhas, mas nas restantes etapas rentabilizámos ao máximo a nossa força coletiva nos percursos planos, com uma excelente estratégia e posicionamento», analisou Jorgenson, que destacou o sucesso do compatriota Magnus Sheffield na etapa final.

«Foi como duas crianças a brincar no quintal! Foi porreiro. O Magnus e eu estivemos na mesma equipa júnior, a Hot Tubes Cycling, e foi incrível vê-lo vencer. Tentei alcançá-lo, mas não consegui. Ele mereceu. Paris-Nice está a tornar-se uma corrida americana, creio [risos]!».