Pereira da Costa, depois de uma explicação detalhada do relatório e contas apresentado esta sexta-feira, abordou o que a nova adminstração do FC Porto fez nos últimos meses para minimizar os prejuízos, lançando ainda as bases para aquilo que pretende ser a sustentabilidade financeira do clube num futuro próximo. 

Cenário à chegada: "Quando esta administração tomou posse, a liquidez que tínhamos estava em níveis mínimos histórios. Acresce a esta liquidez reduzida que não existia nenhum processo de financiamento em curso para aceder a liquidez. A única operação a decorrer era o da Ithaka, que só teria impacto em outubro, como veio a ter. Depois, compromissos, entre salários, impostos e outros pagamentos, era de cerca de 12 M€. Até final de junho havia o controlo da UEFA, havia mais pagamentos imperativos, porque se não fossem realizados levaria à desqualificação das provas europeias. Estes pagamentos a clubes eram de cerca de 16 M€. Temos muitos fornecedores nesta atividade e quando tomámos posse as dívidas vencidas a fornecedores correntes era na ordem dos 16 M€. Estamos a falar em tratamento de relva, limpeza, etc - felizmente tivemos um conjunto de parceiros pacientes, que continuaram a prestar os serviços, apesar de o FC Porto não ter honrado os compromissos normais."

Medidas: "O que foi feito para assegurar liquidez foi lançar um programa de papel comercial. Conseguimos levantar cerca de 12 M€ a 5%, um custo inferior ao do ultimo exercício. Tivemos investidores que acreditaram no FC Porto e que são amigos do FC Porto. Falamos de sócios e adeptos que nos apoiaram nesta fase difícil. Em segundo, tratámos de procurar gerar receita rapidamente. Lançámos um conjunto de iniciativas sem custos, campanha de sócios, lugares anuais, de esgotarmos a capacidade em termos de bilhética e corporate hospitality. A terceira área foi a contenção de custos, essencialmente salariais, quer ao nível da equipa principal de futebol, quer de funcionários e administradores - entre saídas e entradas do plantel, entre saídas e entradas da administração e algumas saídas de funcionários, temos um impacto anualizado de cerca de 6 M€, que nos ajudaram a equilibrar as contas."

Mercado de verão proveitoso: "A janela de verão de transferências foi muito positiva, com receitas significativas provenientes de vendas e empréstimos. Receitas de cerca de 60 M€ fixas, com cerca de 20 M€ variáveis, algumas de fácil concretização. Isto permitiu cumprir o controlo de junho e o controlo de 30 setembro da UEFA. No ano passado a receita total de lugares anuais foi de 4,6 M€ e com a deste ano será de 6,1 M€. Está fechado. Se variar, é para subir um pouco. Só em lugares anuais, um aumento de 33%. No número de lugares anuais vendidos, passámos de 22 782 para 27 622. Tivemos o recorde de lugares anais desde 2004, o primeiro ano do Dragão. O número de sócios é muito importante, passámos de 125 739 sócios para 140 317. Isso mostra a dinamização. Sobre a receita de bilhética jogo a jogo: até 30 de setembro tivemos sete jogos, em seis tivemos lotação esgotada e não tivemos nenhum clássico neste período. Neste trimestre, para o número de jogos e tipologia, estamos a falar de um crescimento de 70%. De 2 M€ para 3,4 M€. Voltamos a ter credibildiade junto dos nosso parceiros. Na frente UEFA, permitiu-nos cumprir com sucesso os controlos de junho e setembro, começar a pagar compromissos antigos. Até 30 de setembro fizemos pagamentos no valor total de 34 M€, que na sua grande parte dizem respeito a transferências de jogadores passadas: David Carmo 5,6M€; Veron 5,3M€; Alan Varela 3,3M€; Otávio 3M€; Francisco Conceição 2,1M€; Samuel Portugal 1,5M€. São pagamentos imperativos. Se não pagarmos, não cumprimos o controlo da UEFA e com as consequências referidas. Relativamente a agentes de jogadores, não foi feito nenhum pagamento. Em termos de fornecedores, não conseguimos abater os 16 M€, mas conseguimos pagar os consumos correntes. Não aumentamos os saldos vencidos. Retomamos a normalidade e fomos pagando o que conseguimos."