Alguns pilotos recusaram-se a falar no final do shakedown do Rali do Quénia, esta manhã, ou responderam aos jornalistas na língua materna, que não é na maior parte dos casos o inglês. O caos já está instalado e a FIA está a tentar acalmá-lo o mais rapidamente possível. Elfyn Evans, por exemplo, respondeu em galês.

Gus Greensmith, um dos candidatos à vitória no WRC2 no Quénia, confirmou que o presidente da FIA está, finalmente, disposto a dialogar com a associação de pilotos do Campeonato Mundial de Ralis (WoRDA). O presidente da federação, Mohammed Ben Sulayem, enviou emails aos pilotos do WRC, 10 minutos antes do início do shakedown.

«Não tivemos qualquer diálogo com Mohammed Ben Sulayem até hoje, 10 minutos antes do início do shakedown», contou hoje Gus Greensmith. «Acho que isto resume tudo - até quarta-feira de manhã não houve qualquer comunicação. Não houve solução. Estou enojado com estas multas, 10.000 euros por um palavrão», reclamou o piloto.

São 10.000 euros, o salário médio anual na Europa é de 37.000 euros, isto é um quarto do salário de alguém!

«Eu entendo que não devem ser ditos palavrões em entrevistas televisivas ao vivo. Mas são 10.000 euros, o salário médio anual na Europa é de 37.000 euros, isto é um quarto do salário de alguém! Esta multa mostra que, aparentemente, não temos ligação com o mundo real», justificou Greensmith

Adrien Fourmaux foi multado em 10.000 euros após o Rali da Suécia, onde usou um palavrão numa entrevista televisiva, e depois da corrida os pilotos do WRC formaram a sua própria associação, através da qual pediram diálogo com a FIA, mas Ben Sulayem ignorou-os.

No comunicado da FIA de hoje, afirma-se que, após o Rali Safari, o diálogo com os pilotos do WRC será estabelecido pelo presidente da Comissão de Pilotos da FIA, Roman Morand, juntamente com o vice-presidente da mesma comissão, Petter Solberg, bem como pela diretora júnior responsável por este tipo de corridas, Émilie Abel.

Mão pesada foi o que a FIA anunciou antes ainda da temporada arrancar para toda a gente saber com o que conta. O argumento é o exemplo para os mais novos e também não vale desvalorizar a própria FIA. Se o fizerem, a multa começa nos 40 mil euros e, se repetirem, passa para 80 mil e um mês de suspensão, que pode ser pena suspensa. Se arriscarem uma terceira vez, pois terão de desembolsar 120 mil euros, cumprir pena efetiva de um mês de suspensão a que se junta ainda a perda de pontos.

Se o desrespeito for da linguagem - verbal ou escrita -, gestos ofensivos, insultos que se percebam que estão a ser ofensivos ou humilhantes, portanto, qualquer conduta inapropriada a primeira multa será de 10 mil euros e segue o mesmo processo, a duplicar. No caso da F1, a base das multas é sempre a multiplicar por quatro, por isso, começa nos 40 mil euros e no Mundial de ralis nos 30 mil. As formas de protestos «inadmissíveis» como faltar a cerimónias oficiais também dará multa e o procedimento é o mesmo.