
Gerard Piqué apresentou-se esta sexta-feira no Tribunal de Majadahonda para prestar depoimento sobre o processo que o liga a supostas irregularidades na transferência da Supertaça Espanhola para a Arábia Saudita. O ex-jogador do Barcelona defendeu categoricamente a sua inocência e garantiu que estas suspeições provocaram-lhe "três anos com um dano reputacional a nível de imprensa que são impagáveis", não contendo as lágrimas perante o juiz, segundo avança a imprensa espanhola. À saída da audiência recusou-se a prestar quaisquer declarações aos jornalistas.
O antigo defesa-central está a ser investigado pelo papel da sua empresa - a Kosmos - na intermediação do negócio entre a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) e a empresa pública saudita SELA. Os sauditas adquiriram os direitos da competição pelo valor de 40 milhões de euros anuais durante dez anos e Piqué cobrou uma comissão anual de quatro milhões por facilitar a concretização da transação. Nesse sentido, a acusação alega que o ex-defesa catalão terá feito um "acordo de cavalheiros" com Luis Rubiales, ex-presidente da RFEF, para que repartissem o valor do prémio entre eles, algo que ambos negaram prontamente. De realçar que o acordo foi selado em 2020, quando o antigo internacional ainda alinhava no Barça, que era uma das equipas que ia disputar a Supertaça, o que pode implicar conflito de interesses.
No seu depoimento desta sexta-feira, o atual proprietário do FC Andorra garantiu que nada pagou a Rubiales pelo contrato, lembrando que este acordo foi "o maior da história da RFEF" e que "noutro país lhe teriam erguido uma estátua". Na véspera de se apresentar na audiência, enviou inclusivamente 15 faturas emitidas pela Kosmos à Federação Saudita de Futebol, no total de 12 milhões de euros, "para comprovar a natureza normal da relação contratual", detalham os jornais espanhóis.
Recorde-se que no ano passado, Piqué foi incluído numa lista de acusados pelas transações, ao lado de Luis Rubiales e Pedro Rocha, ex-dirigentes da RFEF. Estão sob suspeita de corrupção empresarial, administração desleal e lavagem de dinheiro.