
A Portuguesa encara a disputa da Série D do Brasileirão como o exército português de D João I, mestre de Avis, e de Nuno Álvares Pereira, o santo condestável, encarou Aljubarrota: como uma batalha decisiva. Por isso, lançou um novo equipamento, a estrear este sábado com o Maricá, inspirado naquele 14 de agosto de 1385. E no 14 de agosto de 1920, a data da fundação do popular clube da comunidade lusa de São Paulo.
«Nós queremos fortalecer a importância do clube como uma ponte entre Brasil e Portugal», diz a A BOLA Fred Mourão, vice-presidente de marketing da Portuguesa, Sociedade Anónima de Futebol (SAF, equivalente às SAD, em Portugal). «Esta camisola celebra um momento histórico que tanto orgulha o povo português e inspirou a fundação do nosso clube, que essa armadura nos traga sorte nas nossas batalhas dentro do relvado», prosseguiu.
O vice-presidente, no fundo, ecoa a mensagem do presidente da SAF, Alex Bourgeois, em recente entrevista a A BOLA: o clube visa conquistar o apoio dos descendentes diretos de portugueses. «A comunidade de descendentes diretos de portugueses no Brasil chega a 25 milhões, é do tamanho da torcida do São Paulo, queremos tê-la do nosso lado e ser o elo, a conexão, a ponte entre Portugal e o Brasil», disse.
Hoje na Série D, após crise desportiva e financeira, a Lusa foi três vezes vencedora do Paulistão e uma vez, em 1996, vice-campeã brasileira. Na altura, a principal figura da equipa, que incluía ainda o aclamado Zé Roberto, era Rodrigo Fabri.
Fabri, entretanto, de ídolo passou a modelo, ao apresentar a nova camisola. «O meu avô era torcedor, eu comecei no clube com 12 anos, nunca me consegui desligar, ainda hoje jogo campeonatos de futevólei com o escudo da Portuguesa ao peito».
«Aquele ano de 1996 foi mágico, chegamos entre os oito melhores do Brasileirão à fase mata mata, eliminamos depois potências como Cruzeiro e Atlético Mineiro, batemos o Grêmio em casa na final por 2-0 mas eles devolveram o 2-0 lá e tinham vantagem em caso de resultado igual... Em seguida fui para o Real Madrid e de Madrid para o Sporting, o César Prates e o André Cruz são meus amigos até hoje», revela.
«Comecei muito bem, apesar de Sá Pinto e João Pinto, que tinham muito peso, jogarem na mesma posição, depois lesionei-me e demorei a voltar a jogar até porque o Sporting não me queria valorizar para me comprar mais barato ao Real Madrid, no final, acabei por não ficar e eu queria muito ter ficado», lembra.
«Ainda ganhamos a Supertaça ao FC Porto numa equipa que tinha o Schmeichel, o filho dele, hoje titular da Dinamarca, treinava conosco, o Rui Jorge, o Pedro Barbosa, era muito boa».
Mas, agora, torcer mesmo só pela Portuguesa, um clube tão ou mais português do que o Sporting e os outros clubes do país europeu. «Fiquei com muito contato com o clube, os dirigentes e a torcida do Estádio do Canindé», diz Fabri. O Canindé que, segundo Bourgeois, «será reinaugurado em 2028 e será a arena multiuso mais moderna do Brasil, com jogos, claro, é a casa da Portuguesa, mas também espetáculos e eventos».