Guardiola parece perdido. Na noite de terça-feira, após o Manchester City sair derrotado da partida contra o Real Madrid graças a dois erros monumentais nos últimos cinco minutos, o treinador espanhola manteve uma postura estoica e resignou-se. Já não coça a cabeça até abrir uma ferida, já que, infelizmente, está demasiado habituado a ver cenários semelhantes. «Isto já nos aconteceu muitas vezes, não encontrámos a solução. Caímos quando estávamos a vencer por 2-1 e isso penalizou-nos muito», afirmou na conferência de imprensa no Etihad, com um olhar de desapontamento evidente no rosto.
O catalão, que nunca foi conhecido por criticar os seus jogadores, voltou a enfrentar sozinho o dilúvio de críticas e assumir toda a responsabilidade pela derrota: «Não tenho nada a reprovar à minha equipa», esclareceu. Poderia, logicamente, ter apontado ou pelo menos lamentado a oferta de Ederson numa saída infantil dos postes, que permitiu a Brahim igualar à vontade aos 86 minutos.
Também poderia fazê-lo com Rico Lewis, que, insatisfeito com o erro do companheiro de equipa, quis torná-lo ainda maior com a fragilidade defensiva evidente no duelo com Vinícius. Lewis permitiu que o brasileiro ganhasse a bola e servisse, de bandeja, o seu compatriota Bellingham, que nem estava a realizar uma grande exibição.
Erros inexplicáveis
No dia em que o Arsenal marcou cinco golos ao Manchester City, dois destes foram oferecidos pelo conjunto de Guardiola. Akanji hesitou e ofereceu o golo a Odegaard, enquanto o 2-1 de Partey resultou de um erro crasso de Foden, que passou a bola para o... vazio.
Khusanov, que teve uma estreia desastrosa contra o Chelsea, ao cometer um erro no 0-1, escapou às críticas graças à reviravolta. Na Taça de Inglaterra, frente ao Leyton Orient, um golo de 40 metros que acabou nas redes devido a um autogolo de Ortega (má sorte) quase custou a eliminação contra uma equipa da terceira divisão. Na vitória por 3-2 sobre o Paris Saint-Germain, Stones falhou ao afastar corretamente um lance de bola parada, enquanto o quarto golo resultou de uma marcação frouxa de Gvardiol.
A queda de rendimento dos jogadores é evidente. Kyle Walker, que no ano passado era imparável, encontra-se agora no Milan devido à inexplicável má forma. Phil Foden perdeu a magia, Rúben Dias lidera uma defesa que mete água por todos os lados, Akanji não consegue segurar o flanco direito, Rico Lewis parece não estar preparado para jogos de alto nível, Kevin De Bruyne está longe da sua melhor condição física, enquanto Jack Grealish simplesmente... não existe. Talvez os únicos que se salvam sejam Savinho, Gvardiol e Haaland, que têm mantido a equipa viva em momentos cruciais.
Pep Guardiola já tentou de tudo, investiu fortemente em transferências durante o mercado de inverno, mas ainda não encontrou a solução. A instabilidade defensiva forçou-o a adotar um estilo de jogo mais passivo, sacrificando a posse de bola em momentos cruciais. No entanto, no último jogo, optou novamente por uma pressão ofensiva descoordenada, que não surtiu efeito. Os jogadores demonstraram falta de capacidade para criar oportunidades no ataque, apresentando uma imagem dececionante difícil de explicar.
Estatísticas de um City em colapso
Contra o Real Madrid, o Manchester City permitiu 20 remates à baliza, o maior número que já concedeu a uma equipa no Etihad desde que Guardiola assumiu o comando. De acordo com a Opta, o Real Madrid teve 3,42 xG (golos esperados), enquanto a equipa do técnico catalão marcou duas vezes com apenas 1,6 xG. O jogo poderia ter terminado com uma derrota muito mais pesada para a equipa inglesa, já que os merengues desperdiçaram várias oportunidades claras de golo.
O Manchester City sofreu 17 golos em 9 jogos da Liga dos Campeões, com uma média de 1,89 golos por jogo - um número desastroso para os seus padrões. Além disso, esta época já perdeu cinco jogos nos quais esteve em vantagem, tantas derrotas por reviravolta como nas três temporadas anteriores combinadas (2020-21 a 2023-24). Como se isto não bastasse, Guardiola pode ficar sem dois jogadores-chave para a segunda mão contra o Real Madrid. Grealish saiu lesionado na primeira parte, enquanto Akanji pediu para ser substituído devido a um desconforto após um duelo com Vinícius.
A equipa anda a pregar partidas a Pep?
Há uma sensação de que os jogadores já não apoiam Guardiola, ou pelo menos, que não têm a mentalidade necessária para reverter o declínio da equipa. O treinador catalão renovou recentemente contrato até 2027 e afirmou claramente que deseja continuar em Manchester. No entanto, antes da derrota frente ao Real Madrid, já tinha falado sobre o seu futuro: «Com a relação que temos, serei eu a decidir quando sair. Esta é a minha opinião... mas talvez amanhã me demitam. Não sei.»
Sem dúvida, Guardiola merece sair quando ele quiser. No entanto, a imagem recente do Manchester City mostra que as coisas não são assim tão simples...