Caro leitor, confira, por favor, este onze do Sporting: Nélson; Quiroga, Rui Bento, Beto e Rui Jorge; Paulo Bento; Ricardo Quaresma, João Vieira Pinto e Cristiano Ronaldo; Niculae e Jardel.

Esta foi a equipa escalada por Laszlo Boloni a 2 de novembro de 2002 para defrontar o Gil Vicente em encontro da nona jornada da então denominada Superliga.

Do meio-campo ocupado solitariamente por Paulo Bento para a frente só nomes carregados de talento, com um destaque notório para Cristiano Ronaldo, que mesmo com 17 anos já demonstrava todas as suas qualidades e que se tinha estreado a marcar no futebol profissional duas semanas antes, numa partida com o Moreirense.

Face à qualidade dos homens encarregues pelo ataque, o leitor poderá aferir que os leões venceram com alguma tranquilidade a partida mas estará redondamente enganado. O Sporting, campeão em título, perdeu e com estrondo, por 0-3, naquele que é, ainda hoje, o único desaire diante dos gilistas, o adversário de amanhã, em Alvalade, em encontros a contar para o campeonato. Coincidência ou talvez não, Boloni não mais, até final da temporada, colocou estes cinco jogadores em simultâneo no onze.

As coisas começaram a correr mal logo aos dois minutos, quando Manoel, que viria a jogar no Sporting, inaugurou o marcador. Ainda mal refeitos do choque, os verde e brancos sofreram outro golo ainda numa fase algo precoce da partida, através do central Gaspar (20’). Com o desfecho da partida já sentenciado, Paulo Alves, que tinha envergado antes a listada verde e branca, fechou as contas (89’). Selada a maior derrota caseira da época!

No dia seguinte, sucederam-se as críticas a Boloni pela equipa desequilibrada que apresentou, isto conectado ao facto de ter colocado Rui Bento a defesa-central, que já não apresentava rotinas no lugar, pois há muito que atuava com regularidade no meio-campo.

Um dos autores dos golos do Gil Vicente, Paulo Alves, passados quase 23 anos, ainda se recorda «bem» desse jogo como confidenciou a A BOLA. «Não é todos os dias que uma equipa de média dimensão ganha por uma margem folgada na casa de um grande», diz, para logo complementar com uma história curiosa: «Quando ainda estávamos no balneário, olhámos para a ficha do jogo e verificámos o onze do Sporting. Dissemos uns para os outros, meio a brincar meio a sério, que ou seríamos goleados ou ganhávamos. Foi isso que aconteceu.»

Conseguimos parar o Jardel, mas agora será complicado parar o Gyokeres. Se o conseguirem fazer, se estiverem organizados e saírem rápido na transição ofensiva, como têm jogadores rápidos como o Félix Correia ou o Fujimoto, podem dificultar a vida ao Sporting

No entender do hoje treinador do Mafra, da Liga 2, o triunfo do galo teve um grande obreiro. «O nosso treinador era o malogrado Vítor Oliveira. Como é sabido, ele organizava muito bem as equipas defensivamente e depois saíamos com critério para o contra-ataque. Foi assim que decidimos o jogo», avalia. «Além disso, conseguimos parar o Jardel e o Paulo Jorge, inclusivamente, defendeu um penálti por ele apontado», junta.

Fazendo um comparativo, entre o jogo de 2002 e perspetivando o que aí vem, Paulo Alves julga que os contextos são diferentes. «O Sporting tinha sido campeão em 2002 mas estava numa época algo conturbada, enquanto agora tem vindo a crescer nos últimos encontros. Conseguimos parar o Jardel, mas agora será complicado parar o Gyokeres. Se o conseguirem fazer, se estiverem organizados e saírem rápido na transição ofensiva, como têm jogadores rápidos como o Félix Correia ou o Fujimoto, podem dificultar a vida ao Sporting», conclui.

Em 2002/2003, o leão vivia tempos conturbados, pois Jardel, numa fase inicial, tinha-se recusado a jogar e João Vieira Pinto tinha sido castigado pela FIFA por agressão ao árbitro Angél Sanchéz no Coreia do Sul-Portugal do Mundial-2002.

Veja o resumo da única vitória do Gil Vicente em Alvalade