Um dérbi do Atlântico (se assim quiser, caro leitor) para a história. O Santa Clara bateu o Nacional (1-0) e estabeleceu um novo recorde de triunfos na Liga, além de ter igualado o melhor registo pontual do clube na prova (46 pontos).

Os açorianos entraram praticamente a ganhar no encontro, visto que abriram o marcador logo aos três minutos. Na sequência de um lançamento de linha lateral, Adriano Firmino cruzou para João Costa que, com dois toques, rematou e bateu Lucas França – a bola sofreu um desvio em Zé Vítor e traiu o guarda-redes alvinegro.

Apesar do golo madrugador, os madeirenses, que vivem uma boa fase, não se retraíram e tentaram assumir o jogo. Ainda assim, o Santa Clara foi quem esteve mais perto de marcar numa bela combinação entre Gabriel Silva e Ricardinho, mas Lucas França brilhou com uma bela estirada.

Recomposto do rude golpe sofrido a abrir e adaptado ao vento, o Nacional viveu o melhor período da primeira parte nos últimos dez minutos. À boleia das bolas paradas, os alvinegros assustaram como nunca o adversário. Por três vezes, Gabriel Batista vestiu-se de herói: desviou um canto de Daniel Penha para o ferro e depois, defendeu um livre do médio para a frente e depois, voou para impedir o empate a Soumaré. Dois minutos de alto nível do guardião dos açorianos, no fundo.

O filme da segunda metade foi semelhante ao da etapa inicial. O Santa Clara voltou a criar uma excelente ocasião para marcar e Ricardinho só não fez o 2-0 por responsabilidade de Lucas FrançaJoão Costa não conseguiu, na recarga, evidenciar a eficácia dos primeiros minutos de jogo.

Já com Tagueu e Rúben Macedo em campo, o Nacional conseguiu assentar jogo e mostrou capacidade para assinar bons lances ofensivos. No entanto, nem Daniel Penha nem o extremo recém-entrado tiveram arte e engenho para superar o inspiradíssimo Gabriel Batista.
 
Ainda que magra, a vantagem permitia ao Santa Clara defender numa linha mais baixa e sair em contragolpe. Depois de um remate perigoso de Matheus Pereira, os bravos açorianos marcaram numa transição com Vinícius Lopes a servir Gabriel Silva. Porém, o lance foi invalidado por posição irregular do melhor marcador da equipa no início do lance.

Pragmático, o Santa Clara aceitou o convite que o próprio jogo lhe fez para defender o 1-0. A ordem era, no fundo, colocar trancas à porta. Ao mesmo tempo, Tiago Margarido mexeu as peças, introduziu Labidi, Leó Santos e Yamada no encontro, mas nem por isso o Nacional ficou perto do empate.

A expulsão de Soumaré à entrada para o período de descontos acabou por deitar por terra quaisquer esperanças de agarrar um ponto. Foi, aliás, o Santa Clara quem ficou perto de dilatar o marcador num livre de Gabriel Silva – valeu Lucas França (uma vez mais).

Reações dos treinadores

Vasco Matos

Entrámos muito bem no jogo e chegámos à vantagem. O Nacional entrou no jogo com uma ou outra bola parada. Apesar de o Nacional ser uma excelente equipa e estar a fazer um campeonato muito bom, podíamos ter chegado ao segundo e terceiro golos. Parabéns a todos. Batemos recorde de vitórias na Liga, isso dá-nos muito alento e deixa-nos satisfeitos.

Tiago Margarido

O desafio era fazermos o nosso jogo e continuarmos com a nossa identidade num campo difícil. Assumimos as rédeas do jogo, tivemos 63 por cento de posse de bola. Com o vento tornou-se impossível. O adversário adaptou-se melhor ao que o jogo pediu, sobretudo às questões climatéricas. Fica um amargo de boca, podíamos ter conseguido um ponto

As notas dos jogadores do Santa Clara

Gabriel Batista (7), Venâncio (6), Luís Rocha (6), MT (5), Lucas Soares (5), Adriano Firmino (6), Pedro Ferreira (5), Matheus Pereira (6), Ricardinho (5), João Costa (6), Gabriel Silva (6), Vinícius Lopes (6), Sidney Lima (5), Daniel Borges (5), Calila (5) e Serginho (-)

As notas dos jogadores do Nacional

Lucas França (6), Zé Vítor (5), Ulisses (5), Soumaré (4), Gustavo Garcia (5), Daniel Penha (6), Luís Esteves (5), Appiah (5), Dudu (5), Isaac (5), Paulinho Bóia (5), Rúben Macedo (6), Tagueu (5), Labidi (5), Léo Santos (5), Yamada (5).