Pogacar tentava tornar-se o primeiro vencedor do Tour a conquistar o inferno do norte desde 1981, quando Bernard Hinault juntou ao Tour a Paris-Roubaix, mostrando que voltistas também sabem andar no pavé.

Não conseguiu.

Porém, uma queda a cerca de 38 quilómetros da meta estragou o sonho do campeão do Mundo e a estreia num percurso que Van der Poel conhece na perfeição. A experiência e talento do neerlandês no pavê faziam dele o principal obstáculo ao esloveno e confirmou-se, com Pogacar a levantar-se com cerca de 15 segundos para recuperar.

A 20 quilómetros da meta, o esloveno (UAE Team Emirates) pediu para trocar de bicicleta e ficou a 46 segundos do rival da Alpecin Deceuninck.

Antes da prova, Pogacar não se alongou muito e disse que não tinha boas lembranças da Paris-Roubaix onde só competiu como junior. «Eu podia falar o dia inteiro sobre as táticas possíveis e as situações que podem acontecer nesta corrida, ou até mesmo sobre o azar, qualquer coisa pode acontecer...É difícil traçar planos concretos sobre o que fazer. O importante é não desistir até a linha de chegada», avisou o ciclista de 26 anos.

«Todas as corridas são perigosas, mas aqui as hipóteses de partir a bicicleta ou cair são bem maiores. Há trechos em que se cai a alta velocidade. Mas vamos lá. Estamos aqui para vencer», considerou o corredor da Emirates antes de ir para a estrada.

Com pouco mais de 15 quilómetros para o final, foi a vez de Van der Poel pedir para trocar de bicicleta adensando o enredo deste filme que, mesmo assim, continuava com um vencedor anunciado. O neerlandês entregou cerca de 10, 15 segundos a Pogacar e a saga continuou.

Mas Van der Poel, 30 anos, não deixou o seu currículo em mãos alheias e venceu após 5h31, 28 e viu já depois de ter terminado Pogacar entrar em segundo lugar, mais de um minuto depois (1,18 m), para a derradeira volta no velódromo e a consagração e o carinho do público.

O pódio fechou com Mads Pedersen (Lidl-Trek), a 2.11 minutos, depois de uma luta com Wout van Aert (Visma) e Florian Vermeersch (Emirates).

António Morgado (UAE Emirates), o único português em prova, foi foi 24.º, a 5.41 minutos, naquela que foi a sua segunda participação na prova (87.º em 2024).

O triunfo de Van der Poel iguala o feito de Octave Lapize (1909, 1910 e 1911) e de Francesco Moser (1978, 1979 e 1980), os únicos ciclistas que até hoje conseguiram vencer por três vezes consecutivas.

A Paris-Roubaix (França) é a terceira das cinco clássicas de grande prestígio e história que são denominadas monumentos: Milão-Sanremo (Itália), Tour de Flandres (Bélgica), Paris-Roubaix (França), Liège-Bastogne-Liège (Bélgica) e o Giro de Lombardia (Itália).