O Arouca recebe esta sexta-feira o Gil Vicente, dois dias depois de ter celebrado o 72.º aniversário. E Vasco Seabra quer recompensar todo o universo Arouca com uma vitória, depois da derrota na ronda anterior, frente ao Casa Pia. 

Ainda assim, o treinador dos lobos promete encarar este jogo como todos os outros e atira: "Esta é a nossa final". Seabra falou ainda da reabertura do mercado de transferências, para garantir que o plantel não "vai sofrer uma revolução", mas admitindo alguns ajustes.

Frente ao Gil Vicente, o técnico não vai poder contar com o capitão, David Simão, que cumprirá um jogo de castigo, nem com os lesionados Pedro Moreira, Henrique Araújo, Galovic e Vitinho.

Análise ao jogo: "Antes de mais, recompensar-nos a nós, que trabalhamos arduamente e queremos entregar, queremos ser nós a entregar às pessoas que nos acompanham, que acreditam em nós e que também torcem por nós, sofrem connosco… Portanto, queremos entregar-lhes também esta recompensa do nosso esforço, do nosso trabalho e que isso equivalha, naturalmente, à vitória. Ou seja, nós sabemos que vamos ter um adversário que vem de uma sequência muito boa, nos últimos três jogos fez muito bons resultados, sabemos também que esse dado histórico vem para o nosso lado e a única coisa que nos cria é a sensação de que temos que trabalhar muito, temos que dedicar tudo aquilo que nós temos para mantermos esse registo histórico. É mais uma responsabilidade que atrai para nós, no sentido de confiarmos no processo, naquilo que temos vindo a fazer e sabemos que, desde a nossa entrada, por vezes sentimos que há aqui um passinho atrás para dar dois à frente, depois a seguir dois atrás para dar três à frente. Ou seja, sentimos que queremos criar essa consistência exibicional e depois também isso produzindo resultado e, portanto, este é o jogo ideal porque é o próximo, porque é já amanhã e onde temos que entregar toda a energia das nossas famílias, da família Arouca, pelo festejo do aniversário e também pela época em que estamos mais com as nossas famílias e também queremos que sejam felizes connosco. Por isso, tudo argumentos que nos fazem ter que dar aquele extra para sermos ainda melhores e criarmos essa dinâmica de vitória."

Sarar feridas da derrota com o Casa Pia: "Sim, regressando um pouco aí, a verdade é que nós, quando chegamos, sabemos que quando introduzimos um processo novo onde temos uma outra abordagem do ponto de vista da pressão, da construção, da forma intensa como queremos jogar numa pressão mais alta que nos obriga naturalmente a estar, por vezes, com outro ritmo em termos de jogo, sabemos que quando trocamos estas referências, há algumas posições também que foram modificadas, quando estas coisas acontecem, sabemos que num ou noutro momento nós vamos ter esse percalço, essa dor de crescimento que às vezes dá para aqui para depois a seguir ir para ali. O que sentimos também junto do grupo é que já todos direcionam o caminho, já todos sabem para onde é que queremos ir, da forma como queremos competir, da forma como queremos olhar para os adversários e a abordagem que queremos ter e, portanto, sabemos que, às vezes, quando andamos esse passinho atrás, sabemos que temos uma orientação muito grande, queremos é criar realmente essa consistência. Regressando um pouco aí, no sentido de que a semana foi de encontro àquilo que era a nossa expectativa de reação, da equipa querer mostrar que continua ligado ao processo e àquilo que quer fazer e, portanto, confiamos neles, estamos motivados, com muita ambição de competirmos, de jogarmos. Estamos até com aquela ansiedadezinha positiva de vir para jogo, de estar juntos os nossos, na nossa casa, voltarmos a um espaço que é nosso e, portanto, com essa paixão do jogo."

Fé no processo: "No último jogo fizemos três golos, dois deles anulados por fora de jogo e a verdade é que nós dimensionamos a equipa para a frente, não permitimos grande coisa ao Casa Pia e é acabámos por sofrer três golos, ou seja, a verdade é que nós nesse detalhe, nesse pormenor, naquilo que às vezes tem sido a tendência para nós termos diversas situações em conseguirmos enquadrar-nos contra a última linha do Casa Pia, ou estarmos a circundar a última linha do Casa Pia ou o último terço do Casa Pia e não criarmos o volume de oportunidades que temos condições para criar e com muito pouco acabamos por sofrer golos. Nós, quando treinamos, todas as semanas nós procuramos que haja um foco grande por todos os momentos do jogo, pelos quatro, tanto ofensivos como defensivos em transições e também pela bola parada. São coisas que nós vamos trabalhando em termos de processo, não desconfiamos em função dos resultados, agora naturalmente os resultados são um sinónimo de que alguma coisa podemos estar a fazer ou não e nós não fugimos disso. Mas estamos num clube que naturalmente quer ganhar e como queremos ganhar, a pressão e a exigência, muito mais do que de outras pessoas, a pressão e a exigência vem de nós mesmos, vem do grupo, vem do treinador, todos nós queremos muito ganhar, queremos muito valorizar aquilo que nós fazemos durante a semana e portanto continuamos a acreditar, focamos naquilo que nós controlamos que é o nosso desempenho, aquilo que é a nossa atitude e paixão pelo jogo, sentimos que temos condições para ser muito competitivos no jogo, vamos com essa ambição e com essa crença de que vamos fazer um bom jogo."

Gil Vicente como final antes de duas saídas difíceis: "Nós olhamos muito para cada jogo com essa paixão da final, de nós podermos disputar, porque três pontos valem muito, três pontos em cada jogo é uma disputa e valem muito, então nós temos que nos dedicar mesmo de forma acérrima para conquistá-los. Por isso este jogo não vai fugir à regra, nós não encaramos este jogo diferente do que encaramos o anterior, eu relembro-me quando a gente foi ao Estrela falamos um bocadinho até disto, era um jogo muito importante, porque a seguir tínhamos o Santa Clara que era um adversário muito difícil e a verdade é que nós acabámos por não conseguir vencer no Estrela e vencemos em casa o Santa Clara. E agora acabámos por não vencer no Casa Pia e agora segue-se este jogo e este jogo agora é a nossa final, é a nossa final porque é um jogo que temos imediatamente aqui, que temos nas nossas mãos e que as coisas estão ali mas temos que ser nós a ir lá buscá-las. Às vezes as coisas andam aqui a circundar mas se não formos nós a ir lá buscá-las alguém vai agarrar por nós, por isso temos que ser nós, cada metro de terreno, cada segundo do jogo, temos que ser nós a ir buscar, temos que ser nós a ir atrás, temos que ser nós a ir com convicção, com espírito de equipa, com uma ambição muito grande, estamos cada vez mais fortalecidos em termos de união e de ligação daquilo que queremos conquistar. O jogo da manhã não vai fugir à regra, nós temos que, não só nas palavras, temos que dizer depois no desempenho e de sabermos que este é o jogo mais importante porque é o próximo e é com este que a gente quer lidar e queremos lidar com o máximo de exigência."

Peso da eventualidade de não vencer o Gil Vicente: "Compreendo a pergunta, porque faz sentido. Por outro lado, quanto mais olharmos para isso como uma fatalidade, ou como uma negatividade, ou como um desespero, mais ansiedade naturalmente nós acabamos por criar. Nós não podemos fugir disso, ou seja, é uma coisa que está à vista de toda a gente, que nós temos que lidar com o que é a tabela, por isso a tabela existe do primeiro ao último, por isso nós sabemos que ela existe e que ela vai controlando aquilo que são os desempenhos semanais e aquilo que são os pontos amealhados. Nós sabemos é que no final da época, provavelmente acima dos 35 pontos, as equipas vão garantir permanências, se fizerem acima dos 47, 48 pontos normalmente vão andar a disputar por competições europeias e portanto nós sabemos é que mais do que a gente estar preocupado com aquilo que nós temos agora é a mentalidade que nós criamos para lidar com cada jogo com essa responsabilidade, sabendo que essa responsabilidade nos vai dar muitos pontos. Ano passado, e fazendo aqui só um paralelismo, dificilmente alguém esperaria que o Arouca fizesse em 17 jogos 30 pontos na 2ª volta como fez. Ou seja, nós às vezes criamos nós barreiras a determinadas coisas e dizemos porque ali vai ser mais complicado ou aqui vai ser mais simples, agora começamos mal, por isso se calhar a 2ª volta vamos passar ainda mais dificuldades, nós preferimos olhar para a coisa como, não é um fugir da realidade, não é, não pensem que o facto de eu dizer que é um jogo a jogo, que é um, não quero sacudir a responsabilidade do que vem a seguir, porque agora preocupo-me só com este. Não, não tem nada a ver com isso, tem a ver com o gasto de energia, e quanto mais energia eu gastar com uma coisa que só vai estar lá à frente, menos eu me vou preocupar com o degrau que tenho aqui, e se eu me preocupar só com o degrau lá de cima este aqui eu vou tropeçar e vou dar um malho. Por isso este é o nosso degrau, e este degrau nós temos que olhar para ele e sabermos como é que temos que ultrapassá-lo. Então nesse objectivo, energia máxima para este jogo. Com a responsabilidade sabemos que cada jogo que nós vencermos, está toda a gente muito embrulhada, está toda a gente muito junta, podemos em termos de tabela crescer com alguma facilidade, em termos de facilidade não é dos desempenhos, facilidade de estar toda a gente junta e poder dar um salto, por isso mais do que a tabela neste momento tem que ser a mentalidade criada para que cada desafio seja realmente uma final.

Último jogo antes da abertura da janela de transferência: "Não há plantéis perfeitos, seja ele qual for, em que país for. Nós sabemos que é natural que haja reajustes no mercado de janeiro, não vamos fazer nenhuma revolução, isso é certo e sabido, confiamos no plantel, por isso qualquer situação que possa acontecer nós vamos estar abertos a ela, no sentido de jogadores que porventura podem às vezes estar com alguma dificuldade aqui e queiram sair ou não, propostas que possam chegar de outros clubes por jogadores nossos, que é também natural porque temos muita qualidade interna. E portanto nós temos que estar sempre atentos ao mercado e estarmos ativos para podermos perceber que podemos melhorá-lo, podemos equilibrá-lo, sem desconfiança daquilo que nós temos porque nós confiemos no plantel. É natural que haja uma outra entrada ou uma outra saída, são coisas que são normais, não vão existir revoluções na equipa, aquilo que nós sabemos é que o mercado está a chegar, estamos sempre todos em avaliação, por isso temos todos que nos focar, como temos vindo a falar, nos nossos desempenhos, naquilo que nós podemos dar à equipa, porque a equipa será sempre mais importante do que qualquer valor individual e portanto é nesse caminho que nós seguimos já para o mercado."