No retalho alimentar, é tempo de presentes extra, mas não sem alguma controvérsia. Ao passo que o Mercadona anunciou um aumento generalizado dos salários e a atribuição de um bónus adicional, equivalente a um mês de salário, a quem tiver cumprido as metas definidas no início do ano, o Pingo Doce está a ser alvo de contestação pelo sindicato do setor por ter atribuído um “bónus” de €350 aos trabalhadores “alinhados com os valores Jerónimo Martins”.
A cadeia de supermercados Pingo Doce resolveu atribuir um “bónus” natalício de €350 aos trabalhadores - mas não a todos. O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços (CESP) diz que se trata de uma medida discriminatória, por atribuir apenas o pagamento extra aos funcionários alinhados “com os valores Jerónimo Martins”. Fonte da retalhista, em declarações ao jornal Eco, responde que os critérios de elegibilidade são semelhantes aos de medidas anteriores e que o bónus, de seu nome "Extra Natal", beneficiou 23 mil funcionários da retalhista.
“O Pingo Doce definiu como critério para a atribuição do prémio extra de Natal ‘o alinhamento com os valores Jerónimo Martins’. Seja por não aceitar trocar horários em cima da hora, por ter horário flexível para acompanhar os filhos, por participar em plenários, por ser sindicalizado ou apenas 'porque sim' - tudo serviu de motivo para deixar de fora milhares de trabalhadores", lê-se no site do sindicato.
O CESP, afecto à CGTP, apela aos trabalhadores que não tenham recebido o bónus a pedirem esclarecimentos às chefias e a exercerem o seu direito de greve este dia 24 de dezembro, véspera de Natal.
“Nenhuma empresa pode discriminar os seus trabalhadores, e o Pingo Doce está a fazê-lo, usando as chefias para discriminar”, frisa.
Ao jornal Eco, fonte do Pingo Doce diz que “os critérios de elegibilidade são semelhantes a outras iniciativas de reconhecimento, beneficiando o mesmo universo de colaboradores”, num total de 23 mil, “87% da população elegível”. Ao Eco, a mesma fonte não especificou que critérios são esses.
Mercadona aumenta salários e dá bónus extra
Já a Mercadona anunciou esta terça-feira, 24 de dezembro, que irá aumentar os salários de todos os trabalhadores em 8,5% a partir de janeiro, acima da inflação média, “com o objetivo de contribuir para o aumento do seu poder de compra”, segundo o comunicado da retalhista espanhola.
A empresa anunciou igualmente que irá atribuir um prémio adicional aos trabalhadores com mais de um ano de empresa que tenham cumprido os objetivos para 2024, a ser pago em março.
"Este aumento salarial, que entrará em vigor a partir do vencimento de janeiro de 2025, inclusive, abrange os mais de 100.000 colaboradores que a empresa tem em Portugal e Espanha", anunciou.
“A Mercadona tem vindo a aumentar os salários todos os anos de acordo com o Índice de Preços no Consumidor (IPC). Sobre esse valor, aplicará um extra adicional, elevando esse aumento a 8,5%. Desta forma, o pessoal base da empresa passará a receber 1247 euros brutos/mês no primeiro ano (com duodécimos incluídos), ou seja, 23% mais do que o Salário Mínimo Nacional (SMN), e 1705 euros brutos/mês após ultrapassados os quatro anos de atividade na empresa, ou seja, mais 68% mais do que o SMN”, calcula.
Já sobre o “prémio adicional além do tradicional prémio de desempenho”, que visa “recompensar o esforço realizado e partilhar os lucros”, irá abranger “os colaboradores que tenham completado pelo menos um ano de antiguidade na empresa” e que tenham atingido “os objetivos e metas acordados no início do ano”.
O bónus regular é “equivalente a um salário extra, valor que ascende a dois salários depois de alcançados quatro anos de antiguidade". E, este ano, "os colaboradores receberão adicionalmente um prémio extra correspondente a um salário mensal. Estes valores adicionais serão pagos em março.”