
Nos primeiros três meses do ano, o BPI obteve um resultado líquido de 137 milhões de euros. Isto corresponde a um crescimento de 13% face ao período homólogo, com o resultado da atividade em Portugal a cair 13% para 98 milhões, o que reflete a descida das taxas de juro, sublinha a instituição. Isto fica demonstrado também pela quebra de 9% na margem financeira para 223 milhões de euros, a segunda queda em cadeia consecutiva. O RoTE fixou-se em 17,5%, uma melhoria em relação aos 17,2% de 2024.
O CEO do BPI, João Oliveira e Costa, reforça que a previsão é que a margem financeira continue a cair. O líder do banco recorda que se espera um corte de mais 50 pontos base nas taxas de referência, pelo que considera inevitável em “todos os trimestres, sem exceção”, uma redução da margem financeira até ao final do ano. Mais ainda, aponta para um lucro global menor face a 2024, tal como no resto da banca.
O BPI sublinha que o resultado deste trimestre inclui o dividendo do BFA, referente a 2024. Ainda do lado das receitas, o banco registou uma entrada de 75 milhões de euros em comissões líquidas, um aumento de 2% quando comparado com o ano anterior. Daqui resulta que o produto bancário do BPI caiu neste primeiro trimestre em 8%, totalizando 292 milhões de euros. No que diz respeito aos custos, estes mantiveram-se estáveis, segundo a instituição liderada por João Oliveira e Costa, tendo baixado 4% entre 2024 e 2025, para 126 milhões. O rácio de eficiência foi de 37%, mas o CEO indica que este valor deve subir para cerca de 40%, devido às circunstâncias atuais do setor.
Olhando para a carteira de crédito do banco, esta cresceu 5%. No que diz respeito ao crédito à habitação em específico, esta vertente cresceu 8% e houve 961 milhões em novas operações nos primeiros três meses do ano, revela o BPI. O CEO destaca o crescimento da quota de mercado do banco neste segmento nos últimos trimestres. O CEO revela que o empréstimo médio, no campo da habitação, está abaixo dos 100 mil euros.
No que diz respeito à garantia pública para a habitação, João Oliveira e Costa refere que está a ter mais procura do que esperava. O valor já supera os 240 milhões de euros, informa, com mais de 4750 pedidos registados até ao final de abril. No entanto, deixa a nota de que é necessária mais habitação e combater o problema do lado da oferta.
Os recursos dos clientes, por sua vez, subiram 2,7 mil milhões de euros homologamente, o que equivale a um crescimento de 7%.
Em relação às imparidades e custo de risco, o banco tem um rácio NPL de 1,7%, com uma cobertura NPL de 153%. O rácio NPE fixou-se em 1,3%, um “mínimo histórico”, segundo a instituição. Já o rácio CET1 baixou para 13,9%, menos 0,4 pontos percentuais (pp) do que no ano anterior. O banco justifica este dado com o “aumento dos ativos ponderados pelo risco”. O rácio de capital total foi de 17,4%, menos 0,5 pp do que no mesmo mês de 2024.
João Oliveira e Costa destaca o papel do banco no âmbito do ESG, com uma contribuição para vários apoios sociais, associados à Fundação “la Caixa”, algo que quer sublinhar apesar de, considera, este tema não estar a ter atenção. Nestes primeiros três meses do ano, o BPI salienta que concedeu cerca de 200 milhões de euros em financiamento sustentável. O banco informou ainda que contratou 103 jovens no primeiro trimestre.
Sobre o BFA e o seu IPO, João Oliveira e Costa adianta que este está bem encaminhado e deve concretizar-se este ano. A operação, espera, deve transacionar-se acima do ‘book value’. O valor a colocar em bolsa é 14,75% do lado do BPI e 15% do lado da Unitel, revela, e deve ocorrer em julho. O banco fica, desta forma, com 33,3% após a venda, informa. A operação está a ser liderada pelo BFA Capital Markets e ainda não existe um valor para o banco, mas o BPI adianta que o ‘book value’ de março, referente aos 14,95%, totaliza 95 milhões de euros. O ‘book value’ total do banco é, assim, 650 milhões. João Oliveira e Costa reforça que esta é uma participação financeira rentável, em que o BPI não tem sequer alguém nos órgãos de governo do BFA, nem pretende ter.
Em relação à atividade em Moçambique, Susana Trigo Cabral, da Comissão Executiva, justifica que a diminuição do ‘rating’ da dívida moçambicana prejudicou o BCI. O banco precisou de reforçar as imparidades face ao contexto, o que levou ao prejuízo de 7 milhões de euros neste trimestre. Questionado sobre uma possível saída do BCI, face aos resultados, João Oliveira e Costa reitera que não vai contribuir para a instabilidade da instituição.
Recorde-se que, em 2024, o BPI obteve um resultado recorde de 588 milhões de euros.