
Pequim aumentou também o teto do défice orçamental para "cerca de 4%" do PIB, em comparação com os 3% do ano passado. Trata-se do défice mais elevado desde 2010. O máximo anterior foi de 3,6%, em 2020.
O aumento da despesa pública visa apoiar a recuperação da segunda maior economia do mundo, que ficou aquém do esperado, após a pandemia da covid-19. A queda dos preços da habitação e as preocupações com o emprego deixaram muitas famílias relutantes ou incapazes de consumir mais, gerando riscos deflacionários.
O relatório do governo apresentou um plano para a emissão de 1,3 biliões de yuan (168 mil milhões de euros) em "obrigações do tesouro especiais ultra longas" em 2025, mais 300 mil milhões de yuan (39 mil milhões de euros) do que no ano passado. Vão ser emitidos também mais 500 mil milhões de yuan (64 mil milhões de euros) de obrigações do tesouro especiais para apoiar os grandes bancos comerciais estatais.
Face à debilidade da procura interna, Pequim reviu também em baixa o seu objetivo de inflação anual dos preços no consumidor para "cerca de 2%" - o valor mais baixo em mais de duas décadas.
A sessão plenária da Assembleia Popular Nacional (APN), descrita por Pequim como o "supremo órgão do poder de Estado na China" e a "expressão máxima da democracia socialista", arranca hoje, com a leitura do relatório do governo, e decorre até 11 de março.
Entre os delegados está a elite política, líderes empresariais, tecnológicos, mediáticos e artísticos do país asiático, que vão aprovar novas leis, nomeações políticas e relatórios de trabalho do Governo, que detalham o progresso de vários departamentos e ministérios. O orçamento para a Defesa é, habitualmente, anunciado também no primeiro dia.
O evento coincide este ano com o agravamento da guerra comercial entre Pequim e Washington, o que torna mais urgente para a China estimular o consumo interno.
Nos últimos anos, as exportações foram o principal motor de crescimento da economia chinesa, mas as medidas protecionistas adotadas pelos EUA e outros parceiros comerciais obrigam os líderes chineses a priorizar a expansão da procura interna.
JPI // APL
Lusa/Fim