Aumentos salariais médios de 6,7% foram acordados para restaurantes, cafés e bares em 2025 e já vigoram desde janeiro, envolvendo dezenas de diferentes profissões, na sequência do contrato coletivo de trabalho que resultou da negociação entre a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) e o Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Serviços (Sitese).

Aplicável aos estabelecimentos associados da AHRESP, esta tabela salarial para a restauração e bebidas também se estende a trabalhos similares em parques de campismo ou campos de golfe.

Segundo a secretária-geral da AHRESP, Ana Jacinto, o aumento médio de salários no sector, considerando 2024 e 2025, ascende a 15%, muito acima dos valores de inflação previstos (de 2,6% e de 2,4%, respetivamente) e dos aumentos noutros sectores. Frisando ainda serem valores superiores aos estabelecidos no Acordo Tripartido sobre Valorização dos Salários e Crescimento Económico (de 5% em 2024 e 4,7% em 2025), a responsável realça que, já em 2013, os salários no sector do alojamento e restauração aumentaram 8,3%, com base na declaração mensal das empresas à Segurança Social.

Seguem-se alguns exemplos do teto mínimo de salário bruto que passou em 2025 a vigorar para as diversas profissões do sector da restauração.

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Serviço de mesa e pasteleiro de primeira - €924

O até aqui chamado de empregado de mesa, que agora foi redesignado de assistente de sala, em categoria de primeira, passa a auferir um salário mensal que não pode ser abaixo de 924 euros.

Esta tabela salarial (de nível VII, de acordo com a contratação coletiva), tinha como limite mínimo 814 euros em 2023. E também se aplica ao empregado de balcão, ‘barman’ ou pasteleiro de primeira, a par de escanção, monitor de animação e desportos, subgerente ou subchefe de sala, entre outros.

O grosso deste nível de funções refere-se ao trabalho do que era anteriormente chamado de empregado de mesa. Dependendo dos anos de serviço, entre outros critérios, estes trabalhadores, rebatizados de assistentes de sala, têm a seu cargo, em categoria de primeira, servir comida e bebidas aos clientes, colaborar no arranjo de mesas e de todo o espaço, escalar peixe ou trinchar carne na preparação de determinados pratos, ajudar na arrumação da sala e transporte dos alimentos após as refeições, podendo “ocasionalmente, substituir o escanção ou o sub-chefe de sala”. explicita a AHRESP.

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Chefe de cafetaria, empregados de segunda - €902

Em categoria de segunda, o assistente de sala (ex-empregado de mesa), de balcão de self-service (com dois ou mais anos de serviço), cozinheiro, pasteleiro, barman ou assistente de vendas foi aumentado em 2025 para 902 euros mensais, limite mínimo de remuneração que, segundo a tabela salarial (nível VI) também vigora para chefe de cafetaria e de geladaria, fiel de armazém, forneiro, amassador, governante de lavandaria, motorista ou operador de golfe.

No nível anterior, que se refere à categoria de terceira (seja de assistentes de sala, cozinheiros ou pasteleiros), o teto mais baixo de salário ficou este ano nos 886 euros mensais. Este ordenado também se aplica a trabalhadores com funções de despenseiro, assador-grelhador, chefe de copa, ‘disk-jockey’, entre uma série de outras.

Chefe de sala ou de balcão, cozinheiro de primeira - €978

O chefe de sala (que lidera a brigada de trabalhadores no serviço de mesa), de balcão ou de bar, fica este ano com um salário mensal que não pode ser abaixo de 978 euros, tabela (de nível VIII) que também se estende ao cozinheiro de primeira, pasteleiro-decorador, gerente, tesoureiro ou sub-secretário de golfe.

Marcos Borga

Chefe de cozinha - €1314

Uma das profissões mais ambicionadas no sector da restauração é a de ‘chef’, que protagonizou um salto de estatuto face ao que genericamente se costumava chamar de cozinheiro. Além de elaborar as ementas, criar receitas e dar indicações aos serviços sobre os alimentos necessários para confecionar as refeições, também é responsável por dar instruções ao pessoal e gerir todos os processos e serviços associados à cozinha.

Em 2025, o limite mínimo de salário mensal para um chefe de cozinha passa a ser €1314 - quando em 2023 este valor se cifrava em €1197. Mas trata-se do ordenado mais baixo que se pode dar na profissão, em qualquer estabelecimento do sector (seja restaurante ou café) e em qualquer região do país, sendo que as empresas têm toda a liberdade para praticar valores acima deste limite mínimo, o que no mercado é regra comum para este tipo de funções, segundo a AHRESP.

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Diretor de restauração e bebidas - €1381

O nível máximo na tabela salarial do sector é a de diretor de restauração e bebidas, que passa em 2025 a auferir de uma remuneração mensal não abaixo de 1381 euros, limite que em 2023 era de 1261 euros.

Este profissional de topo tem como funções dirigir, orientar e fiscalizar as diversas secções dos estabelecimentos de restauração e bebidas, aprovar ementas e providenciar a aquisição dos alimentos necessários à sua confeção, além de ser responsável por elaborar inventários, responder por reclamações de clientes, gerir o pessoal, aconselhar e representar a administração ou o proprietário do estabelecimento.

Como reitera a secretária-geral da AHRESP, trata-se de um teto mínimo salarial estabelecido em sede de contratação coletiva, “para restaurantes, tascas ou cafés, em qualquer região do país”, e para este tipo de funções de direção, a par de ‘chef’ de cozinha, é prática no mercado avançar com ordenados muito acima deste limite.

Aprendizes de restaurauração - €870

Os ordenados mais baixos no sector incidem em aprendizes de restauração e bebidas “sem qualquer experiência profissional”, a quem é aplicado salário mínimo (este ano elevado a 870 euros).

O Código de Trabalho permitia que os aprendizes ganhassem apenas 80% do valor estabelecido como salário mínimo, o que acabou. “Foi assumido o compromisso de, em 2025, esta categoria não sofrer qualquer redução, este ano não há valores abaixo do salário mínimo, o que queremos é valorizar tudo o que são profissões no sector”, frisa Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP.

Vila Galé

Além do sector de restauração e bebidas, a AHRESP também é responsável pela negociação das tabelas salariais que são aplicáveis na área de alojamento turístico (além de hotelaria, inclui alojamento local). Com a ressalva de não ser a única associação sectorial responsável pela contratação coletiva nesta área, seguem-se alguns exemplos de tabelas salariais em profissões emblemáticas da hotelaria acordadas para 2025 entre a AHRESP e as estruturas sindicais.

Limpeza de quartos e andares - €910 (hotéis de 5 e 4 estrelas)

A chamada empregada de andares, que se ocupa da limpeza e arrumação dos quartos e outros espaços, passou a ganhar em 2024 um ordenado mensal mínimo de 869 euros, em hotéis de quatro e cinco estrelas, e que no ano anterior era de 803 euros.

Nos hotéis de uma a três estrelas, os trabalhadores que se ocupam das limpezas passaram a ganhar no ano passado 840 euros mensais, o que no anterior se situava nos 776 euros.

Em 2025, os empregados de andares passaram a ter um aumento de 5,8%. auferindo agora estes trabalhadores, de categoria principal, de um ordenado que não pode ser abaixo de 919 euros em hotéis de cinco e quatro estrelas, e de 885 euros em hotéis com classificação inferior.

Rececionista - €994 (hotéis de 5 e 4 estrelas)

O trabalhador dos serviços de receção, que tem como funções inscrever e acolher os hóspedes, prestando-lhes todas as informações necessárias, e proceder à regularização das contas no final, ganhava em 2024, em hotéis de cinco e quatro estrelas, 944 euros, valor que em 2023 se cifrava em 873 euros. Nos hotéis de uma a três estrelas, estes trabalhadores auferiam há dois anos de um ordenado de 825 euros, e passaram em 2024 a ganhar 893 euros mensais.

De acordo com a nova tabela salarial, em 2025 o rececionista principal é aumentado em 5,3%, passando a ter um teto mínimo de ordenado de 994 euros mensais em hotéis de cinco e quatro estrelas, e de 938 euros em unidades até três estrelas.

Diretor de hotel - €2482 (hotéis de 5 e 4 estrelas)

Mais bem pago que o seu equivalente na restauração é o cargo de diretor de hotel, profissional que dirige e fiscaliza todo o funcionamento da unidade, nos seus diversos serviços, tendo também uma palavra a dizer, junto da administração, sobre os planos de investimentos e definição da política financeira.

Um diretor de hotel tinha em 2023 uma remuneração mensal mínima de 2264 euros em 2023, em hotéis de cinco e quatro estrelas, e de 1434 euros, em unidades até três estrelas. Em 2024, a tabela salarial dos diretores de hotel subiu para 2432 euros mensais, em hotéis de cinco e quatro estrelas, e para 1544 nos alojamentos turísticos de categoria inferior. Em 2025, o ordenado bruto do diretor de hotel foi aumentado em 2,1%.

Em 2025, o diretor de um hotel de cinco ou quatro estrelas tem como ordenado mínimo 2482 euros, e 1589 em hotéis com classificação inferior.

“Temos noção de que os valores que têm sido negociados, ao longo dos anos, muitas vezes não vão ao encontro das expectativas dos trabalhadores”, nota a responsável da AHRESP, enfatizando que, sobre esta remuneração-base, se acrescem outros benefícios dados aos trabalhadores. “E não podemos esquecer também que estes mesmos valores são bastante onerosos para as empresas face à enorme carga fiscal que sobre estas impende”, frisa Ana Jacinto, realçando que, em Portugal, “continuamos com valores absurdos de contribuições sobre o trabalho, e que, obviamente, condiciona em muito as empresas nas suas políticas salariais”.